Zuzu Angel || Créditos: Reprodução Instituto Zuzu Angel
nem mesmo assim
pude ter o prêmio
de suas atenções, cantigas, poemas
embarques sem destino, cadenas
embustes, embates intestinos
sem nunca ao retornar
ter suas carícias plenas
não me esquivei de ser Joana
a Francesa – (Rita, capaz de tudo
Chica doidivanas causando perdas e danos
esta é que nunca fui)
pequena Helena – como me fazer notar
entregue noiva febril
para que meu corpo virgem
seus presságios consiga naufragar?
estacada me coloco à sua frente
olhos nos olhos
roubo o ar que expira
tento adivinhar seus anseios
vinho e lágrimas a lhe servir
num cálice do sacrário surrupiado
e os seios a se desvendarem
em meio à anarquia do armário
onde seu paletó não enlaça meu vestido
na janela me dispor, frente ao mar
Carolina, Januária, vilipendiada Geni
Beatriz chorando num quarto de hotel
procurando estancar o sangue fervilhante
na tresloucada crença de que após mil dias
há de entrar pela porta de trás
me surpreendendo antes do sol raiar
sombra diante das vitrines
derramo inutilmente a poesia
que – bem sei – nunca virá catar
aquieto-me servil, sem queixas ou lamúrias
trazendo as mãos carregadas de desastres
pobre mulher de Holanda
que o mais das vezes se sente
como quem partiu ou morreu
curumim despencado de um céu ateu
sinto como se o tivesse perdido
mas desistir não vou jamais
de o seguir por ruas, avenidas, esquinas
como um fantasma ao lado seu
https://www.youtube.com/watch?v=g48wc9Gl8QI
Comentários
meu querido amigo ,nunca vi algo tão denso e bonito. Estou lendo e relendo para descobrir outros detalhes da Franciscana Abração e Parabéns