Fim do caminho

Publicado por Antonio Ângelo 27 de janeiro de 2022

Fim do caminho

Como a corda de um violino
Que ao máximo se estende e se rompe
Pela última vez pronunciei o seu nome

Pela última vez pronunciei o seu nome

Como o barco que abandona o cais
E não sabemos por que desígnios
Não chegará ao destino jamais

Não chegará ao destino jamais

Como a primeira estrela da tarde
Que brilha no vácuo do espaço
O último brilho em seu olhar

O último brilho em seu olhar

Como tudo que foi dito
E em surdina ardilosamente urdido
Na exata noção do quanto menti

Na exata noção do quanto menti

Discípulo de estranhas seitas
Invento o que não vi
Torno letra morta promessas feitas

Torno letra morta promessas feitas

Rendido ao fim de inúteis refregas
Negocio o quase nada que me resta
Espantalho a se esbater na treva

Espantalho a se esbater na treva

No que procuro algo subtrair
Menos posso, mais pressinto
Ao tempo em que me tentei imiscuir

Ao tempo em que me tentei imiscuir

No frontispício de igreja pagã
Alardeio seus pecados absurdo
Confrontando um deus surdo

Confrontando um deus surdo

Da vingança no afã
Indicio-me e decomposto
De mim liberto o oposto

De mim mesmo liberto o oposto

Que sairá à rua sem qualquer decência
Alardeando a própria insciência
Inconsequente perante a vida

Ante a vida sem consequência

Comentários
  • Wesley 1056 dias atrás

    Magistral!

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