Na fila para a confissão
ficava a rememorar os malfeitos
que deveria contar ao padre.
A igreja era bonita
e me lembro de mim criança
admirando os reflexos dos vitrais.
– Respondi minha mãe, briguei com meus irmãos, falei palavrões –
era a cantilena repetitiva de meus desacertos
na penumbra do confessionário.
Depois cresci, tornei-me adulto,
passei à prática de outros delitos,
estes sim merecedores de duras penas.
Mas aí, já dos confessionários distante,
apenas comigo – em ruminação sem préstimo –
guardei a enfiada dos pecados.
Comentários
“D”Angelo,cadê o livro?Não sejas egoista.Publique-o.Incomoda-me ser um dos poucos privilegiados a ter acesso ao teu trabalho que está cada vez mais inspirado.
Poetas inspirados na gávea, bons ventos para esta nau.
Aí está, para quem quiser ler, o maior poeta de Minas, quiçá do Brasil, da atualidade. No mínimo. Eu deveria levar algum prêmio por ter sido o primeiro a publicá-lo. Aliás, não é necessário. Basta o orgulho editorial.
A poesia retratando o espírito humano em cortes temporais que revelam e desvelam épocas. O poeta-contista rebusca nas intermitências do vivido e do interdito a essência dos tempos da infância distante, e jamais perdida.