Condescendência

Publicado por Antonio Ângelo 27 de outubro de 2015

condescendencia


A minha poesia te permite à noite
sair cheia de glamour pela cidade
atraindo enviesados olhares.

Te permite – a minha poesia –
pintar os olhos levemente estrábicos
que incomodam vorazes pregadores.

É pela poesia que te permito
folgares com os ciúmes que te devoto
e tripudiar do que me acabrunha.

E quando te descobres indecorosa
trazendo escarlates íntimas vestes,
não sei o que faria não fora a poesia.

Vejo-te a sorrir de coisas
que jamais me confidencias…
Silêncios intrusos em nossos escaninhos.

Bebo do copo que me ofertas
e recolho-me ao calabouço onde urdo –
fio a fio – a rede que me sustém.

Comentários
  • aminthas 3312 dias atrás

    dileto amigo sua poesia me autoriza viver plenamente pois tenho a rede que me sustém.

  • chico aminthas 3312 dias atrás

    dileto amigo sua poesia mostra que a vida não basta e eu preciso dela para continuar vivendo

  • Juarez Dayrell 3313 dias atrás

    Como o homem aranha, o poeta onipresente e onisciente se prostra ante a solidão

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