A minha poesia te permite à noite
sair cheia de glamour pela cidade
atraindo enviesados olhares.
Te permite – a minha poesia –
pintar os olhos levemente estrábicos
que incomodam vorazes pregadores.
É pela poesia que te permito
folgares com os ciúmes que te devoto
e tripudiar do que me acabrunha.
E quando te descobres indecorosa
trazendo escarlates íntimas vestes,
não sei o que faria não fora a poesia.
Vejo-te a sorrir de coisas
que jamais me confidencias…
Silêncios intrusos em nossos escaninhos.
Bebo do copo que me ofertas
e recolho-me ao calabouço onde urdo –
fio a fio – a rede que me sustém.
Comentários
dileto amigo sua poesia me autoriza viver plenamente pois tenho a rede que me sustém.
dileto amigo sua poesia mostra que a vida não basta e eu preciso dela para continuar vivendo
Como o homem aranha, o poeta onipresente e onisciente se prostra ante a solidão