Quanta coisa pude aprender com você!
Admirar o por do sol,
Mirar por horas o céu em noites estreladas
A linha, a curva do horizonte.
Ensinou-me ainda
A deliciar-me com aventuras – ou desventuras
Destiladas em um romance
As tessituras de uma sinfonia
Bach – Beethoven – Mozart
A poesia – Drummond
Shakspeare – Byron
E o cinema – Feline – Ford – Bergman
Pintura – basta citar Van Gogh.
Por pouco tempo permaneceu entre nós
Na longa estrada que percorre o sertão
Resolveu-se – alguma divindade resolveu
Que já era o bastante
Que sua missão estava cumprida.
Naquela tarde o esperávamos
Cheios de saudade
Víamos o relógio e não sabíamos
Que restara abatido à beira do asfalto.
Como aprendi com você, meu irmão!
Lembro- me de tudo que apregoava
As artes – o encanto das mulheres
A descrença também no que os homens
São capazes de oferecer uns aos outros.
E se hoje vejo o tempo, a natureza
O silencio que se estende nas madrugadas
O entrelaçar dos sonhos
Misturados à misteriosa existência
É a você que devo, a você
Que soube sentir e – mais que todos
Soube dividir sua sensibilidade.
Comentários
O poeta faz uma bela homenagem,onde demonstra: respeito, admiração,agradecimento, em que nas entre linhas se pode perceber um misto de saudades e resignação .
Parabéns.
Conheci Benício por um poema. Vi então quão inteiro era a vida de ambos. Ele se foi, pois sua missão estava cumprida. O aprendizado do irmão ficou para nós que nos usufruamos dele .Poeta OBRIGADO.
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Parabéns poeta! Cada dia descubro a pessoa inteligente e com muitos dons. Fico orgulhosa por fazer parte de sua família. Abraços. Parabéns, parabéns.
Sei que o Benício morreu, muito, muito jovem. No entanto, sei que tenho o privilégio de conviver com ele, quase toda minha vida, unido pela amizade que nutro pelo irmão, esse poeta, que também é Ângelo e é luz e ouro.
Tocante depoimento poético,onde a dor de uma perda precoce não conseguiu se sobrepor ao reconhecimento do quanto este curto convívio foi capaz de abrir caminhos do viver permeados,sobretudo,pela arte.