A mulher do atirador de facas

Publicado por Antonio Ângelo 10 de abril de 2015

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Quando o circo passou
por sua pequena cidade
apaixonou-se pelo atirador de facas.

Não teve dúvidas, seguiu-o
deixando para trás pai, mãe e irmãos.
Deixou também sua inocência.

Tornou-se o inevitável:
a mulher que se postava corajosa
ante o atirador preciso.

Foram anos e anos
de uma cidade à outra
até os confins do Brasil.

Minas, São Paulo,
Mato Grosso, Goiás,
agrestes nordestinos.

Viagem sob sol a pino
ou em meio a tempestades
em rústicas estradas de terra.

Nunca, em momento algum
que desconfiou da pontaria
do homem que escolhera.

Facas milhares de vezes
circundaram seu corpo
bem rente à epiderme.

De vez em quando até brincava:
amor, por que você
nunca nem me risca a pele?

Mas naquela noite, estranho,
notou em seu olhar
algo que nunca percebera.

E antes que uma faca
lhe trespassasse o coração
não teve qualquer dúvida:

sabe agora que o traí.

Comentários
  • Wesley 3514 dias atrás

    Em uma palavra: magnífico. Em outra: soberbo. Se em governo vamos mal, em poesia vamos bem. E muito bem.

  • Marcos Apolinário Santana 3514 dias atrás

    Doutor
    Vamos editar logo esse livro pois a quantidade de pérolas poéticas já editadas merecem ser conhecidas por todos.
    Quanto à pobre mulher traidora, me mereceu que sua história seria um ótimo mote para uma história escrita em cordel, pois tem nuances poéticas mambembes, e eu acho que você está preparado para um desafio que é escrever um longo poema de “A mulher do atirador de faca”, na métrica do cordel. Vai dar um novo livro.
    Abraço
    MAS

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