A moça da lanchonete
lá está em meio a neons, cartolinas com preços,
talheres, mamões, laranjas, pencas de bananas
e o brilho de copos Lagoinha.
Este pede um misto quente,
aquele uma vitamina de frutas,
ainda outro insinua:
– Ah menina, quem me dera sua mãe como sogra!
A moça da lanchonete sorri,
a moça da lanchonete
tem pele morena, longos cabelos retidos na touca
e olhos grandes, vívidos, ávidos.
Em meio à algazarra do centro,
com seus decibéis de ruídos,
incontáveis clientes entram na lanchonete
e mal observam sua faina incansável.
Mas existe um certo rapaz
que de quando em vez aparece
e sempre lhe pede um cafezinho,
tão somente um cafezinho.
Ninguém desconfia, mas só ele sabe
das paisagens que habitam aquele corpo,
que em certas noites se despoja
e lhe permite entrever sem véus
os mistérios da origem do mundo.
Comentários
Oi Angelo,
Muito prazeiroso ler o que voce escreve. E tudo vira conto, vira poesia,vira vida.
Ângelo, poetinha, toca a lira e resgata Eurídice da lanchonete.
E aí Ângelo … grande poeta!