De onde ela veio, ainda os cabelos molhados,
que de repente aparece atravessando a Colombo?
Na manhã estival, como que numa trama dos deuses,
eis que surge a linda moça da Savassi!
De shortinho desfiado, coxas morenas,
com que graça desliza sobre o asfalto!
Raios de sol brincam na barriguinha exposta,
piercing no umbigo, beija-flor tatuado alçando voo da pelve.
Avança em leve requebro,
dos rapazes – quão rapaces! – atraindo cúpidos olhares.
Parece até que para melhor admirarmos
mais delonga o sinal que fecha o tráfego.
Não se sabe em que mistérios – oblíquas intenções –
acampam seus olhos de cigana arisca.
Praias não há a esperá-la, nem ondas onde brincar,
filha que é da metrópole mediterrânea.
O que levou a despertar tão cedo num sábado
quem certamente não fez da noite um refúgio?
Talvez um encontro na Liberdade?
Papo com amigas no shopping?
A Bela da Savassi não tem satisfações a dar,
apenas e tão somente
vira a esquina, desce a Pernambuco,
rumo a sabe-se lá que inescrutáveis deleites.
Comentários
BH sempre teve MENINAS assim como esta.
Guardo com muito carinho as lembranças
que ainda hoje tenho,das belas aí existentes;
nos anos 60 e 70,quando aí viví!
ai,ai.ai!
Esse Ângelo… O que faz o poeta na Savassi nessa manhã estival de sábado? Para onde vai? De onde vem? Saberá ele de antemão quem lhe cruza o oblíquo caminho rumo a marte, onde um dia interminável apenas se inicia? Leva a caneta no bolso para escrever suas apreciadas pérolas quando chegar a alguma água furtada em Bom Despacho de Santo Antônio? Um olhar do poeta, não poucas vezes, abarca o mundo inteiro, já dizia Lucio Carlos Ferraz, coberto de razão.
“Quem não vai de Nova York vai de Madureira…” Quem não tem Ipanema vai de Savassi.
Aleluiah, aleluiah, para todo o sempre, louvemos as meninas da Savassi.