coloca algumas roupas, dinheiro curto
apenas o básico
de todos
vai partir
sempre a exigir trabalho
mais e mais trabalho
que mal permite que chegue à janela
menos ainda que saia à rua
uma vez
gostava dele
que o namorado um dia lhe disse:
– Gosto de você, mas assim não dá
logo depois do almoço
lavou as louças e se foi
– Mas você não tem amiga – disse a tia
– Bobagens… – resmungou o avô
agora se acabara a paciência
que parecia infinda
olhou abaixo
sem saber que rumo tomar
num quintal onde folhas de bananeiras
dançavam preguiçosamente
que a cumprimentou
passou na carroça Seu Raimundo
Realmente, pensou, nestes anos todos
sequer uma amizade para valer tivera
vem devagar, cabisbaixa
medindo os passos
– Fui até a padaria comprar pão
colocou o embrulho sobre a mesa
no arvoredo um assanhaço estalava
uma locomotiva fugia à distancia
era hora de pegar a bacia e ir para o tanque
onde a roupa suja aguardava suas mãos
Comentários
Especialidade cada vez mais esmiuçada na poesia de AA, a crônica de pessoas e costumes vai encontrando seu intérprete original. Com a assinatura do mestre.
EU NÃO SOU SEU NEGRO NÃO M.LUTER QUING 13 DE MAIO . SOMENTE MEU UNICO AMIGO TERIA ESTA SENSIBILIDADE. GRANDE ABRAÇO
Que belo, e triste!