No próximo inverno
quando sobre Ibitira
reluzirem incontáveis vagalumes
e de Kaolin ninguém tiver notícia
no próximo inverno
quando o Xamã rememorar
o brado de guerra de Ibirajara
abatido pela fúria dos yanks
no próximo inverno
apenas o ápice da árvore
acima da linha d’água
e o rugir sem fim das turbinas
as noites serão brancas
fantasmagóricas sombras no vale
Eirapuã cintilando no horizonte
sobreviventes da tribo
em procissão à margem do lago
ao peso de tantas derrotas
lembrarão a aldeia submersa
taperas inundadas
danças de guerra de antanho
no terreiro onde agora
peixes sobrenadam
resistindo ao sorvedouro