Semana passada, a convite do Foyer de Charité de Mendes, RJ, participei de um encontro on line. Entre os participantes, estava uma jovem senhora, mãe de quatro filhos e grávida do quinto. Ela falou, com visível alegria, do desafio de educar os filhos para Deus, no seio da Igreja. Óbvio, um casal que assim se abre à vida é um belo exemplo da virtude cristã da esperança.
Entre meus amigos e conhecidos, há outros casais com 4 ou 5 filhos. Naturalmente, são cristãos. Entre cristãos, as pessoas se casam primariamente para gerar novas vidas. Na liturgia do matrimônio católico, por exemplo, os noivos são interpelados pela Igreja acerca de três pontos essenciais para o sacramento: a LIBERDADE (é de livre e espontânea vontade?…), a INDISSOLUBILIDADE (é por toda a vida?…) e, enfim, a ABERTURA PARA A VIDA (estais dispostos a receber com amor os filhos que Deus vos confiar?).
Este terceiro ponto é tão importante, que o casamento só é consumado após uma primeira relação aberta à vida. Conforme ensina Cormarc Burke, ex-juiz da Rota Romana, o supremo tribunal da Igreja, em Roma, se um dos noivos está sob influência de algum contraceptivo, mesmo que o casal se relacione intimamente, seu matrimônio ainda não foi consumado e, por isso mesmo, pode ser considerado nulo.
Mês passado, em conversa com um amigo, uma pessoa de bem, ele confidenciava: “Minha esposa e eu ainda não tivemos coragem de gerar um filho. Temos medo de ter um filho com o mundo nesta situação”. Ora, não se trata apenas de medo, mas de desespero: falta de esperança no futuro da humanidade… E não se trata de um caso isolado: muita gente assinaria a mesma frase.
Todos sabem dos efeitos negativos da queda de natalidade nos países da Europa. No Brasil, em 2020, a taxa de natalidade era de 1,71 filho por mulher. Em 1960, a taxa era de 6,3. Hoje, estamos abaixo da “taxa de reposição”, o que nos leva a prever as mesmas consequências experimentadas pela Europa, onde há cidades oferecendo dinheiro para atrair imigrantes.
O cético talvez pergunte: – Para que ter filhos?
Eu respondo: para gerar novos adoradores para Deus, para viver em família as alegrias que não existem fora dela, para dar à “menina Esperança” (Paul Claudel) uma oportunidade de sobreviver…