Em uma série de audiências, no final de 2017, o Papa Francisco fez uma catequese sobre a Santa Missa. Destacou a importância do silêncio e, com alguma ironia, mostrou a incompatibilidade entre a celebração e os celulares.
Na audiência de 15 de novembro, o Francisco refletia com os fiéis sobre a importância de uma atitude de atenção na celebração eucarística: “Rezar, como qualquer diálogo verdadeiro, significa saber também ficar em silêncio — nos diálogos há momentos de silêncio — em silêncio juntamente com Jesus. E quando vamos à Missa, talvez cheguemos cinco minutos antes e comecemos a falar com quem está ao nosso lado. Mas não é o momento para falar: é o momento do silêncio a fim de nos prepararmos para o diálogo. É o momento de se recolher no coração a fim de se preparar para o encontro com Jesus”.
“O silêncio é tão importante! – exclamava o Papa. Recordai-vos do que disse na semana passada: não vamos a um espetáculo, vamos ao encontro com o Senhor e o silêncio nos prepara e nos acompanha. Permanecer em silêncio juntamente com Jesus. E do misterioso silêncio de Deus brota a sua Palavra que ressoa no nosso coração. O próprio Jesus nos ensina como é possível ‘estar’ realmente com o Pai, e no-lo demonstra com a sua oração. Os Evangelhos mostram-nos Jesus que se retira a lugares afastados para rezar; os discípulos, ao verem esta sua relação íntima com o Pai, sentem o desejo de poder participar nela, e pedem-lhe: ‘Senhor, ensina-nos a rezar’. (Lc 11,1.)”
De fato, na semana anterior, em 8 de novembro, Francisco falava de seu desagrado com a invasão de celulares e fotografias durante a Santa Missa:
“Ou então, por que a um certo ponto o sacerdote que preside à celebração diz: ‘Corações ao alto?’ Ele não diz: ‘Telefones ao alto para fazer fotografias!’ Não, não é agradável! E digo-vos que me causa muita tristeza quando celebro, aqui na Praça ou na Basílica, e vejo tantos telefones elevados, não só dos fiéis, mas até de alguns sacerdotes e bispos. Por favor! A Missa não é um espetáculo: significa ir encontrar a Paixão e a Ressurreição do Senhor. Por isso o sacerdote diz: ‘Corações ao alto’. Que significa isto? Recordai-vos: não levanteis os telefones!”
Um canal que distrai a alma
Foi entrevistado pelo jornal “Avvenire”, o sacerdote Paolo Padrini, idealizador do Breviário Virtual, app iBreviary, que dá acesso à Liturgia das Horas, com o texto em cinco idiomas diferentes, atualmente baixado por mais de três milhões usuários em todo o planeta.
Na mesma linha das palavras do Papa, Pe. Padrini diz: “Precisa estar muito claro: o celular e o tablete servem de suporte para a oração, mas não se usam para rezar. Com razão o Papa Francisco censurou o uso de celular durante as celebrações. E permito-me acrescentar que o celular deveria ser deixado em casa quando se vai à celebração. E se o levamos conosco, que esteja desligado”.
O entrevistado vai além: “Não basta que o celular esteja no modo silencioso. Por quê? É verdade que com esta escolha não se perturba os outros e não tocará durante a Eucaristia. Mas, se o celular permanece ligado à rede, é como se nossa mente continuasse como um canal permanentemente aberto, o que distrai também a alma. Sempre que sentirmos a vibração, teremos a curiosidade de tirar o aparelho do bolso para verificar se alguém nos chamou. E isso distrai do diálogo com Deus que é criado na liturgia”.
Não se justifica a intenção de imortalizar certo momento da celebração com um vídeo ou uma foto. “A missa não é um evento para recordações ou fotografias – diz Pe. Padrini. É o abraço com o Pai e o Filho através da Palavra e dos sinais da ação litúrgica. Portanto, as únicas antenas a erguer são as do Espírito Santo, e não as antenas que captam outras ondas.”
E conclui dizendo: “Em uma celebração, a participação da assembleia se realiza na escuta, nas palavras da liturgia, nos cânticos. Seguramente, não no uso de instrumentos como o celular, que não fazem parte desse contexto. Uma celebração não é um estúdio fotográfico. Basta o bom senso para entender isto.”
Comentários
Acho que esses fanáticos do catolicismo que passam o carnaval gritando louvações fogem deles mesmos, morrem de medo de ter que encarar seus problemas, o que se aplica a qualquer religião.