Dizem que estamos na civilização da imagem, quando a palavra cede lugar à figura, capaz de uma comunicação mais rápida e direta. Daí o crescente emprego de logomarcas na publicidade, ícones na Internet e uma enxurrada de ilustrações nos livros didáticos.
Ora, só a falta de perspectiva histórica chamaria este estado de coisas de “novidade”. Muito antes da escrita e dos alfabetos a imagem já fazia seu papel de informação. Aliás, as próprias letras do alfabeto nasceram de ideogramas: a letra “A” dos latinos deriva da forma da cabeça de um boi, e a letra “shin” do hebraico desenha línguas de fogo. Os hieróglifos concretos antecederam as letras abstratas.
A Igreja conviveu por séculos com uma multidão de analfabetos (inclusive em seu clero) e soube utilizar com excelência a imagem para transmitir os mistérios da fé. Os fiéis iletrados aprendiam o conteúdo doutrinal por meio das pinturas e afrescos, mosaicos e tapeçarias, vitrais e ícones sagrados, em paralelo com os hinos e antífonas da música sacra.
A prova dessa contribuição das Igrejas cristãs para a comunicação pela arte fica evidente quando estudamos os ícones produzidos no Oriente pelos católicos ortodoxos e coptas, siríacos e maronitas, a partir de padrões criados por gregos e cretenses. E é notável que os ícones tenham sido objeto de intenso interesse e produção mesmo em meio árabe (Egito, Líbano e Síria).
Obra-prima da iconografia cristã de todos os tempos, criação genial do monge russo Andrei Roublev [† ca. 1427/1430] é o “Ícone da Trindade”, que se encontra hoje na Galeria Tretiakov, em Moscou. O iconógrafo inspirou-se na passagem bíblica de Gn 18,1-15, cena conhecida como “a hospitalidade de Abraão”.
Quem entra em um templo ortodoxo depara com o brilho e a imponência de uma iconóstase, biombo ou parede que separa o presbitério e o altar da nave da igreja. Por volta do Séc. XII, a iconóstase começou a evoluir e crescer em altura e, em certas catedrais, assumiu dimensões monumentais, como se vê na Catedral da Dormição, no Mosteiro de Tikhvin, noroeste da Rússia (obra do Séc. XVI).
A partir da revolução russa [1917] a presença de imigrantes que fugiam da perseguição comunista divulgou no Ocidente esses tesouros da arte cristã oriental. A Segunda Guerra mundial iria reforçar ainda mais o mesmo processo de irradiação cultural. Hoje, vive-se em toda a Europa (e mesmo no Brasil!) um renascimento da iconografia cristã.
Foi exatamente este o tema de meu último livro – “No Mundo dos Ícones”, Editora O Lutador, Belo Horizonte, 144 páginas, 72 ilustrações. Lançado em setembro, autor e editora veem-se surpresos com o interesse despertado em diferentes segmentos da sociedade, desde os artistas até os fiéis, e a boa aceitação do público.
Meu livro nasceu de 25 anos de estudos e reflexão sobre o tema. O resultado final compensa amplamente o esforço e a dedicação.
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Comentários
Como faço para adquirir o livro? Qual o preço? Como pagar? Tem como entregar pelo Correio?
Respondi por e-mail.
Opção 01: Editora O Lutador – 0800 0317171.
Opção 02: comigo mesmo – santiniac@gmail.com