Publicado por Antonio Carlos Santini 17 de julho de 2018

Esse indivíduo chamado leigo – parte VII

O papel da família

Este bendito Ano do Laicato é uma preciosa oportunidade para corrigir desvios de conceitos e de “pastorais”. Um desses desvios lamentáveis consiste em apresentar outras atividades – mesmo “paroquiais” – como objetivos pretensamente mais altos que a vida de família. Na prática, verifica-se que filhos e cônjuges não raro são deixados em segundo plano em nome de alguma participação na paróquia.

É outra a indicação do Doc. 105 da CNBB, sobre a missão dos leigos e leigas. E são palavras bem claras: “Na celebração do Matrimônio, os cristãos leigos e leigas exercem seu sacerdócio batismal. Eles são ministros da celebração. Exercem seu sacerdócio não só na celebração, mas igualmente na consumação do sacramento, na geração e educação dos filhos. Santificam-se no cotidiano da família, Igreja doméstica, comunidade de vida e de amor, reflexo da comunhão trinitária”. (Nº 138)

Belo exemplo de santificação no seio da família nos foi dado por Luís Martin e Zélia Guerin, casal francês do Séc. XIX. Um relojoeiro e uma bordadeira. Tiveram 9 filhos (7 meninas e 2 meninos), 4 dos quais morreram ainda pequenos.

Católicos fervorosos, Luís e Zélia participam da missa diariamente, às 5h30. Praticam o jejum e a oração. Guardam o domingo, visitam os idosos e os doentes. Vencida por um câncer, Zélia veio a falecer em 28/08/1877. As filhas – Paulina, Maria, Celina e Teresa – tornaram-se freiras no Carmelo de Lisieux. Leônia foi para o convento da Visitação, em Caen.

Em 19/10/2008, em Lisieux, no pontificado de Bento XVI, o Cardeal José Saraiva Martins celebrou a beatificação de Luís e Zélia. Em 18/10/2015, durante o Sínodo dos bispos sobre a missão da família na Igreja e no mundo, o Papa Francisco canonizou o casal Louis e Zélia, aliás, os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face.

Na homilia da missa de 18 de outubro, o Papa Francisco referiu-se a Luís e Zélia: “Os Santos esposos Luís Martin e Maria Zélia Guérin viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor; e neste clima germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa Teresinha do Menino Jesus. O testemunho luminoso destes novos Santos impele-nos a perseverar no caminho dum serviço alegre aos irmãos, confiando na ajuda de Deus e na proteção materna de Maria”.

Outro exemplo de santificação no espaço da família é o casal italiano Luís e Maria Quatrocchi, que faleceram respectivamente em 1951 e 1965. Brilhante advogado, ocupou altos encargos no governo da Itália. Ela, professora e escritora, apaixonada pela música, foi enfermeira voluntária da Cruz Vermelha na Segunda Guerra mundial. Tiveram 4 filhos, 3 deles sacerdotes.

Na beatificação do casal, em outubro de 2001, o Papa João Paulo II destacava seu exemplo de vida como leigos: “Na sua vida, como na de tantos outros casais que todos os dias desempenham zelosamente sua tarefa de pais, podemos contemplar a revelação sacramental do amor pela Igreja. De fato, os esposos, cumprindo a sua missão conjugal e familiar, com a força deste sacramento, penetrados do espírito de Cristo, que impregna toda a sua vida de fé, chegam gradualmente à perfeição pessoal e à sua mútua santificação e, assim, em comum, contribuem para a glória de Deus”.

No dia a dia do lar, um espaço de santidade. E como dizia Santa Teresa de Ávila, “entre as panelas está o Senhor”…

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