O peso da rotina e o marasmo da preguiça costumam roubar a força das promessas que recebemos de Jesus Cristo. A gente se acostuma com os milagres de Deus – inclusive aqueles que passam por mediações humanas – e perde a oportunidade de se deslumbrar com eles e, a seguir, dar graças a Deus.
Exemplo disto é aquela promessa feita logo antes de Pentecostes: “Mas recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra!” (At 1,8.)
Não vem ao caso se o Mestre da Galileia teve uma visão antecipada de nossas antenas e satélites, da teia da Web e das redes sociais. O fato é todos estes “milagres” da técnica – realizados a partir das virtualidades e do potencial da própria Criação – manifestam aquilo que parecia impossível: levar o Evangelho aos confins do planeta.
Há alguns anos, tenho utilizado os contatos do Facebook para divulgar uma reflexão diária sobre os textos da liturgia da Igreja. As ressonâncias de minhas postagens costumam ser surpreendentes. Eis uma delas, bem recente:
“Vicente Luiz Cantini Antonio Carlos Santini estou em Jakarta, Indonésia, e aqui já é 3a feira 12 nov. Poderias enviar-me sua reflexão referente ao Evangelho de hj? Abrs fraternos”
Do outro lado do planeta, um amigo aguarda pela reflexão do dia. Em um país de maioria não cristã, ele pode acessar a mensagem de vida da qual espera sorver alimento para a alma. Óbvio, a nova riqueza de meios disponíveis faz crescer em progressão geométrica a nossa responsabilidade pela evangelização.
Há tempos, recebi esta mensagem via Internet:
“Olá, Santini!
Certamente você não se lembra de mim, mas nos conhecemos anos atrás graças ao grupo de jovens FACES, da Paróquia Nossa Senhora Consolacão e Correia, e mais recentemente pela Nossa Senhora Rainha.
O motivo por lhe escrever hoje é o simples fato de querer lhe agradecer do fundo do coração pela sua dedicação em compartilhar semanalmente o dom da sua palavra e conhecimento através das Liturgias Comentadas pelo site da NS Rainha.
Eu, que não moro no Brasil há mais de dois anos e não tenho a chance de ir às missas católicas com frequência, me sinto muitas vezes tocado por tuas palavras e pela claridade que elas trazem a cada leitura diária.
Obrigado pelo lindo gesto de se voluntariar como instrumento da Palavra de Deus e compartilhar este dom conosco. Que Deus te ilumine sempre. Um forte abraço,
Elvio.”
De onde vinha esta mensagem? De Karlskona, Suécia, onde Elvio estudava no Instituto de Tecnologia Blekinge. O texto que ele recebia pela Internet era o vínculo que o mantinha vivo na comunidade católica, mesmo que “exilado” no extremo norte da Europa.
Na mesma Internet, temos à nossa disposição, em numerosos sites, os tesouros da Patrística, a iconografia das Igrejas do Oriente, livros inteiros sobre temas do cristianismo e até a possibilidade de rezar a Liturgia das Horas com comunidades monásticas. Os dominicanos da França oferecem gratuitamente meditações diárias aos internautas, em especial na Quaresma e no Advento.
Sem dúvida, o ciberespaço é nosso novo campo de evangelização.