Ayahuasca, miração e manipulação – parte III

Publicado por Anadir Freitas 7 de fevereiro de 2022

Ahyauasca, miração e manipulação – parte III

Quem questionar o dirigente responsável é excluído, ridicularizado, humilhado, a ordem é pensar o que é ordenado, pensar igual, fazer parte do padrão de comportamento, conduta, pensamento, onde a individualidade do sermos todos diferentes em compreensão, sentimentos, afronta o superior. É um sistema de padronização espiritual. Pensamento Único!

Conceitos, preconceitos são implantados na sutileza dos momentos de vulnerabilidade e total entrega após ingerir o chá para a tão desejada expansão da consciência.

Fugindo do Inferno

Nem tudo é terrorismo! Mas, só é compreendida a proporção do mal quando conseguimos sair do sistema fechado religioso ou sofremos um choque de realidade. E para sair não é fácil! Temos que enfrentar o Cérbero, cão de guarda mitológico de três cabeças que impede os mortos de fugirem do poço do inferno.

O despertar da consciência se dá quando, para permanecer dentro do sistema, temos que vender literalmente a alma ao dono do inferno. Tramas da mais alta elucubração maligna, conivências com abusos inimagináveis ao mundo exterior, lavagem cerebral, manipulação mental, influências em todas as esferas de poder do estado, polícia, judiciário, partidos políticos, parlamento e demais meios governamentais, até mesmo porque as autoridades são cortejadas com regalias dentro da seita, uma vez dentro do sistema dificilmente se quer sair, o tráfico de influência entre os poderes, o encantamento com as mirações, as visões da ayahuasca, e condução genial do “guia” que maneja as necessidades e fragilidades dos seguidores, é o fecho do grilhão emocional.

Há preconceitos, homofobia, feminicídio, violência velada, trânsitos financeiros de montantes consideráveis através de meios ditos de auxílio ao próximo, beneficência, pois é conveniente a instituição ser de utilidade pública, prestar serviços à população carente, obter respeito e reconhecimento da sociedade civil.

É terminantemente proibido denunciar quaisquer irregularidades ou suspeitas à polícia, defensoria pública, ministério público, qualquer esfera judicial, as consequências são graves para quem descumpre. Como a máfia napolitana tem a omertá, humildade em latim, algumas seitas também tem seu código de honra.

Quem o descumpre é humilhado, sofrerá perseguição, opressão, pode passar por violência velada, moral, patrimonial, religiosa, tortura psicológica e outras violências dependendo da gradação da violação considerada, o “desviado” é julgado e é executada a punição, que pode ser afastamento, isolamento do grupo, ficar sem beber o chá, rebaixado de status hierárquico.

Quando estamos dentro da caverna não enxergamos nem percebemos os requintes da perversidade. Não se tem consciência destas aberrações desumanas, somos obrigados a não questionar, pois o “Mestre” é onipresente e onisciente, tudo sabe, tudo vê e por fim age, implacavelmente! Temos que obedecer, perdoar e seguir na jornada com a irmandade sem questionar. São os reflexos condicionados, como o cão de Pavlov!

No ano 2012, eu estava com vida estável, em integral dedicação à instituição, anos de empenho às ilusões que achava com convicção serem sagradas e verdadeiras. Ao deparar com a realidade de que o uso religioso ritualístico do chá ayahuasca no lugar onde eu estava há anos e total dedicação era uma fraude, me vi em uma encruzilhada espiritual, a sensação era um punhal à direita, uma espada à esquerda, um abismo à frente, um precipício atrás, todas as direções me levavam a sucumbir. O que fazer quando a vida pessoal, familiar, religiosa, social estava toda inserida em uma sociedade fechada como esta? Como desvincular de tudo e me manter íntegra, com saúde, intacta, preservando minha potente inocência, como diria Ganesha, a divindade hinduísta?

Um choque de realidade! A todo instante tentam fazer de uma ilusão a realidade, asseguram que são os autênticos interpretes das intenções do Criador, o amor fraternal, o respeito, qualidades e virtudes estão naquele lugar perfeito. Através deste choque de realidade, consegui ver a verdadeira identidade e intencionalidade dos dirigentes. Olhei para o alto! Pedi orientação divina, enraizei, buscando a base de princípios morais vindos da educação familiar na edificação do meu templo interior, lapidação espiritual que tive desde criança em ensinamentos precisos no proceder ao me deparar com atitudes de promiscuidade, abusos, mentiras, roubos, deslealdade e tantas outras deformações de caráter. Firmando o pensamento, fortalecendo meu espirito e caráter, consciente do poderio de meus algozes, decidi empunhar a espada da lâmina flamejante do Arcanjo Miguel e enfrentar o desafio das forças das trevas.

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