Devido ao grande índice de leitura do artigo com o título acima, publicado há um ano, em julho de 2009, com dados até 2008, fomos solicitados pelo portalmetro, www.metro.org.br, a apresentar uma versão atualizada para 2009 com os dados publicados pela Statistical Review of World Energy da British Petroleum, SRWE/BP, em junho de 2010.
Aqui um comentário geral e uma nota metodológica da SRWE/BP:
“O total de energia elétrica gerada no mundo em 2009 caiu 0,9% (243 TeraWatt-horas, TWh) em relação a 2008, o que configura a primeira queda desde 1982. Quanto à metodologia, os dados de geração de energia elétrica cobrem todas as fontes geradoras e se referem à geração bruta, inclusive as despendidas nas próprias usinas, e abrange também a produção de empresas autogeradoras.”
Recebemos alguns comentários críticos de leitores dizendo que o indicador “Geração Bruta de Energia Elétrica” não pode ser apresentado como um critério absoluto de desenvolvimento ou mesmo crescimento econômico, pois pode haver a substituição de um tipo de energia por outro, gás natural ou energia solar para aquecimento, por exemplo, e que ainda que abrangêssemos toda a matriz energética o critério seria falho, pois algum país pode estar utilizando com sucesso políticas de uso eficiente de energia.
Apesar dessas ressalvas acreditamos ainda que a Geração Bruta de Energia Elétrica é um bom indicador da atividade econômica dos vários países do mundo e que reflete em boa maneira a variação de sua atividade econômica. Essas críticas podem motivar pesquisas que busquem seu respaldo, mas o grande acesso dos leitores nos encorajou a atualizar a série histórica.
Enquanto no artigo anterior destacamos os 21 países no topo do ranking, desta vez expandimos a apresentação dos resultados para os 64 maiores. Como no artigo anterior, foram usados os biênios a partir de 1990 para facilitar a elaboração e a leitura dos gráficos. No entanto, como a crise econômica mundial de 2009 teve efeitos bastante diferenciados nos vários países e regiões, atingindo principalmente os países chamados ricos, ou do Primeiro Mundo, que estão agrupados tradicionalmente na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OCDE ou OECD (inglês), optamos por não adotar a média de 2008 e 2009, mas deixá-los separados para melhor destacar os efeitos da crise.
A forma de agrupar os países foi por faixas, nos dados de 2009, onde todos os que estão no mesmo gráfico estão relativamente próximos. O que fica destacado em cada gráfico passa a ser o movimento de ascensão, descenso ou estabilidade de cada país do grupo representado.
O primeiro gráfico se refere aos blocos econômicos abrangendo o bloco da OCDE, ou seja, os países do capitalismo desenvolvido, a antiga União Soviética que era chamada de Segundo Mundo quando juntada aos países da Europa Oriental, e o outro bloco é composto pelos Países Emergentes que sempre foram chamados de Terceiro Mundo (América do Sul e Central, Oriente Médio, África, e países europeus e asiáticos fora da OCDE).
Percebemos que esta geografia está mudando, e é neste ponto que consideramos útil o indicador aqui utilizado. Para informações sobre a OCDE indicamos o link:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ocde
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O 2º e o 3º gráficos mostram as cinco regiões continentais, separadas em dois grupos. O primeiro grupo é composto por América do Norte, Eurásia e Ásia-Pacífico, regiões que estão em um patamar mais elevado.
O 3º gráfico mostra as outras três regiões continentais que expressam seu crescimento firme a partir de um patamar inferior: América do Sul e Central, Oriente Médio e África. Percebe-se claramente que o maior dinamismo vem da região Ásia-Pacífico, e em 2º lugar o Oriente Médio. As Américas do Sul e Central apresentam um crescimento seguro porém mais moderado, e a África apresenta um crescimento lento, destacando-se positivamente Egito e Argélia.
A América do Norte manteve-se estável até a mudança do milênio quando iniciou sua trajetória declinante. Os países da Eurásia, da área de influência da Antiga União Soviética apresentaram uma queda significativa na primeira metade dos anos 90, passando por uma desaceleração da queda na segunda metade e uma tendência de estabilização a partir do novo milênio. Os outros países europeus que apresentavam uma queda moderada nos anos 90 aprofundam esta tendência no novo milênio. Alguns países incorporados por último à União Européia sofreram um breve dinamismo, mas depois foram contaminados com o ambiente econômico depressivo desse continente.
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Os demais gráficos, a partir do 4º, mostram os países agrupados por patamar. No primeiro é possível ver a tendência inevitável de que a China deverá tomar a liderança dos EUA já neste ano (2010) ou no próximo (2011). Nos seguintes podemos confirmar o que os gráficos por blocos e regiões já mostram, mas individualizando as tendências para cada país.
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Gráficos
Países – 1º e 2º lugares: EUA e China
Países – 3º, 4º e 5º lugares
Países – 6º ao 11º lugares:
Países – 12º ao 17º lugares:
Países – 18º ao 21º lugares:
Países – 22º ao 27º lugares:
Países – 28º ao 32º lugares:
Países – 33º ao 39º lugares:
Países – 40º ao 47º lugares:
Países – 48º ao 53º lugares:
Países – 54º ao 58º lugares:
Países – 59º ao 64º lugares:
Esperamos que este trabalho contribua para o debate com os leitores, que são principalmente pesquisadores acadêmicos.
Lembramos que todos os gráficos se referem ao mesmo indicador “Geração Bruta de Energia Elétrica”, e que o eixo vertical expressa o percentual dos dados de cada país em relação ao total mundial daquele ano ou biênio. A fonte dos dados é a Statistical Review of World Energy da British Petroleum Company, edição de junho de 2010, que pode ser acessada no link: http://www.bp.com/productlanding.do?categoryId=6929&contentId=7044622
Aguardamos seu comentário.
Leia também a parte I do artigo
Comentários
Os países emergentes sofrem com a falta de planejamento, seja territorial, financeiro ou administrativo. Alguns países, como os da América Latina têm excelente potencialidade para se desenvolver, pois têm recursos para isto.
A incompetência gerencial, principalmente dos governos é a principal causa de falta de planejamento. Um forte exemplo disto é a Venezuela que tem umas das maiores e melhores jazidas de petróleo do planeta e está decretando banhos de 3 minutos porque a energia produzida é insuficiente. Prova que o problema não é falta de recursos e sim a incapacidade gestão.