Depressão é uma tristeza grande, profunda, persistente. Pode durar semanas, meses ou anos. Pode ser desencadeada por fatos do presente: “alguém que eu amava morreu; estou desempregado; estou sozinho há muito tempo e não consigo encontrar alguém que eu ame e que me ame; sinto o meu trabalho vazio, chato, insuportável e não consigo ou não tenho coragem de tentar outra coisa; meu casamento está morto e não consigo me decidir a sair fora; trabalho demais, é muita responsabilidade em cima de mim e estou cansado, não agüento mais.” Ou então são fatos de um passado distante que assombram a vida presente: uma infância dolorosa e amarga, traumas, abuso sexual, o amor dos pais que nunca tive, humilhações que eu sofri, tortura física, um amor que perdi e que não consigo me conformar ou perdoar.
Estas são causas emocionais da depressão. Pode haver causas orgânicas: excesso de trabalho, impossibilidade de dormir o número de horas suficiente; debilidade generalizada decorrente de doença grave ou prolongada; depressão decorrente de medicação que tem este efeito colateral.
Estar deprimido é sentir amargura, desânimo, falta de vontade de viver, desejo de dormir e não acordar mais, desejo de morrer e ficar livre do sofrimento. Pode haver choro freqüente ou então apenas um mau humor, uma aridez interior, acompanhada ou não de raiva, irritabilidade, revolta. Nos momentos mais intensos pode haver a fantasia de que o mundo está desabando sobre a pessoa e ela se encolhe desesperada. Ou então a pessoa sente que ela está caindo num abismo sem fundo e algo grita dentro dela. Como se não houvesse chão, base sobre a qual apoiar-se. O vazio engole a pessoa. Ou ainda uma sensação de estar explodindo. Como se ela tivesse sido detonada por dentro e estivesse se dissolvendo, se fragmentando. Uma sensação de morte interior.
Tem pessoas que mesmo estando deprimidas não demonstram. Trabalham, estudam, se relacionam, mantém o controle. Apenas na solidão permitem que o sentimento as invada. São pessoas assim que, se acontece de se suicidarem, as pessoas que conviviam com ela não entendem. Ela parecia estar bem. Outros demonstram claramente o que sentem. Nos casos mais graves ficam paradas, não querem conversar, comer, tomar banho. Abandonam tudo, perdem o interesse por tudo.
O único remédio infalível para depressão é alegria. O deprimido perdeu a esperança, a paciência. Acha que o que quer é impossível, ou que dá muito trabalho para conseguir, demora demais, pode não chegar nunca. Depressão é uma espécie de basta, de greve. Para viver é preciso redescobrir a capacidade de desfrutar, de alegrar-se com pequenas coisas. Ter objetivos e a paciência para alcançá-los. Descobrir que podemos ter muitas alegrias que dependem apenas de nós. Que o poder e a alegria de amar sem desejo e de encantar-se com a vida dorme dentro de todos nós.
Comentários
Prezados,
Gostaria de saber pelo Dr.Carlos Bittencourt,como trabalhar a depressão no caso de jovens que tem uma família que os apoia mas, continua tendo uma baixa auto estima?
Desde de já meus agradecimentos.
Prezados,
Fantastico o texto Dr. Carlos Bittencourt, pois nunca tinha me deparado com a depressão mas neste ano de 2009, deparei com a mesma e o texto aborda sentimentos que estou sentindo.