Kiri Hara

Publicado por Antonio Ângelo 19 de agosto de 2013

Andar, décimo
manhã primaveril
passa a chuva
o sol resplandece
inevitável que fuja

Embaixo a árvore
recria róseas chamas
crianças correm
a bola em gomos coloridos
desliza sobre a grama

Tic-tac do relógio
na parede, logo atrás

Sobre a mesa
em ordem absoluta –
a corda
a espada
o vidro com cicuta
o revólver
(cinco balas no tambor)
a folha em branco
o que escrever?

Na cozinha, o botijão de gás

Não houve indecisão
num gesto seguro
perpetrou o ato
e atirou-se – sem titubear
no âmago
da vida

Comentários
  • Gilberto Nable 4112 dias atrás

    Antônio Ângelo, tenho gostado bastante de seus poemas. Tem sido um prazer em meio a tanta coisa ruim divulgada por aí. Parabéns..

  • Sérgio Mudado 4112 dias atrás

    Tenho, a cada dia, me surpreendido, mais e mais, com a beleza – íntima, delicada e, ao mesmo tempo avassaladora – da poesia do Antônio Angelo.

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