Tendências da geração per capita de resíduos sólidos no Brasil
A média per capita de geração de resíduos sólidos no Brasil correspondeu a 359 kg/habitante-ano em 2008, segundo o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A coleta regular de resíduos sólidos, em 2007, atendeu 98% da população residente na área urbana e 80% de todo o Brasil. Em 2009, a massa coletada de resíduos sólidos domiciliares e públicos em kg/hab-dia variou de 0,77 a 1,19, e a média foi de 0,96. Tem-se registrado um aumento constante do indicador em função do porte do município, conforme ilustram os dados do Quadro 2.
Quadro 2 – Massa coletada de resíduos domiciliares e públicos per capita em áreas urbanas, segundo o porte dos municípios (2009).
Faixa populacional |
Número de municípios |
Massa coletada per capita (kg/hab-dia) |
||
Municípios | Mínimo | Máximo | Indicador médio | |
1 |
753 |
0,10 |
2,96 |
0,81 |
2 |
187 |
0,15 |
2,08 |
0,77 |
3 |
82 |
0,41 |
2,36 |
0,81 |
4 |
53 |
0,49 |
1,19 |
0,97 |
5 |
10 |
0,73 |
2,43 |
1,19 |
6 |
2 |
0,89 |
0,99 |
0,95 |
Total |
1.087 |
0,1 |
2,96 |
0,96 |
Faixas populacionais: (1) até 30.000 habitantes; (2) 30.001 a 100.000 habitantes; (3) 101.000 a 250.000 habitantes; (4) 250.001 a 1.000.000 habitantes; (5) 1.000.001 a 3.000.000 habitantes; (6) mais de 3 milhões habitantes.
Fonte: IBGE. Amostra 1.087 municípios.
As diferenças observadas nos municípios das faixas 1 e 5 e das faixas subsequentes 2 e 6 podem ser atribuídas à falta de precisão da informação e à ausência de balanças em grande parte dos municípios brasileiros. Com relação às regiões brasileiras, apresenta-se o ranking da crescente geração per capita de resíduos sólidos: Sul com 0,81, Sudeste com 0,88, Nordeste com 1,03, Norte com 1,15 e Centro-oeste com 1,47 kg/hab-dia. Na região Centro-oeste destaca-se o Distrito Federal, com o maior índice do Brasil, 2,4 kg/hab-dia. A região Sul, com a menor geração per capita, é a que tem o melhor indicador com relação à cobrança pelos serviços de coleta, com 76,5%, seguida da região Sudeste, com 56,4%, da Norte, com 28,6%, da Centro-oeste, com 27,6% e, finalmente, a Nordeste, com 11,75%. No Quadro 3 observa-se que quanto maior o percentual de municípios que cobram pelos serviços, menor a geração per capita dos resíduos sólidos, com exceção da região Nordeste. A cobrança de taxa pela prestação dos serviços pode ser identificada como inibidora para a geração dos resíduos sólidos.
Quadro 3 – Relação dos indicadores de geração de resíduos sólidos e de cobrança pelos serviços de limpeza urbana por região do Brasil.
Regiões |
Sul |
Sudeste |
Nordeste |
Norte |
Centro-oeste |
Geração per capita (kg.hab-dia) |
0,81 |
0,88 |
1,03 |
1,15 |
1,47 |
Cobrança pelos serviços (%) |
76,5 |
56,4 |
11,75 |
28,6 |
27,6 |
Fonte: IBGE
O SNIS, Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades, ampliou gradativamente a amostra de municípios pesquisados anualmente, de 50 em 2002 para 1.087 em 2009. Partiu-se dos municípios de maior para menor porte o que significa com maior para menor geração per capita de resíduos sólidos. A média da geração per capita entre 2002 a 2009 variou de 0,75 a 0,96 kg/hab-dia, correspondendo a um aumento de 28% em 8 anos, enquanto o aumento populacional no período foi de apenas 8,3.
Outro importante fator que interfere na geração de resíduos sólidos é o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Nos países europeus houve uma associação direta entre estes dois indicadores até o ano 2000 quando o PIB passou a crescer em proporções bem maiores que a geração de resíduos sólidos. No caso do Brasil, até 2008, houve uma associação direta entre os mesmos e um sinal de redução do PIB proporcionalmente à geração dos resíduos, demonstrando uma situação inversa à ocorrida na Europa. Apresentam-se no Quadro 4 e na Figura 2 dados da evolução populacional, da geração de resíduos sólidos e o crescimento do PIB no Brasil.
Quadro 4 – Evolução da geração per capita de resíduos sólidos e do produto interno bruto no Brasil (2002–2009)
Ano |
Número de municípios (amostra) |
Geração per capita kg/hab-dia |
Geração resíduos 1.000 toneladas.dia |
População (habitantes) |
PIB 2010 (R$ milhões) |
2002 |
50 |
0,75 |
140,09 |
174.621.249 |
2.689.757 |
2003 |
80 |
0,74 |
146,56 |
176.926.250 |
2.720.598 |
2004 |
113 |
0,76 |
153,32 |
179.155.520 |
2.876.007 |
2005 |
153 |
0,79 |
160,40 |
181.305.387 |
2.966.879 |
2006 |
205 |
0,93 |
167,80 |
183.372.268 |
3.084.280 |
2007 |
306 |
0,97 |
175,55 |
185.352.688 |
3.272.156 |
2008 |
262 |
0,98 |
183,65 |
187.243.286 |
3.441.081 |
2009 |
1087 |
0,96 |
192,12 |
189.040.821 |
3.418.896 |
*Valores interpolados entre a população do censo de 2000 e 2010. PIB: produto interno bruto.
Figura 2 – Evolução da geração per capita de resíduos e do PIB no Brasil (2002–2009)
Fontes: IBGE e Ministério das Cidades
No Brasil, em termos percentuais, a geração per capita de resíduos sólidos tem crescido mais do que a população e o PIB tem crescido menos do que a geração de resíduos sólidos. Em 2009, houve uma inflexão no crescimento do PIB enquanto a geração total de resíduos continuou aumentando.
Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) 2011 sobre a necessidade de investimento mundial para se combater a pobreza e gerar um crescimento mais verde e eficiente sugere um modelo econômico que contraponha ao atual para se evitar riscos, escassez, crises, e poluição. Destaca também as enormes oportunidades para a desassociação entre geração de resíduos sólidos e crescimento do PIB, incluindo as áreas da recuperação e da reciclagem. Aponta para os importantes retornos econômicos da reciclagem no Brasil, estimados em 2 bilhões de dólares por ano e estima em 0,3% do PIB a reciclagem plena dos resíduos sólidos.
Comentários
Gostaria de saber se após esses dados sobre geração de resíduos o IBGE tem outra divulgação mais recente e, se tiver como encontrá-la? Esses dados foram do censo 2010?
Grata