Refúgio

Publicado por Editor 10 de agosto de 2012

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Uma guarida que me proteja enquanto escrevo
Que não permita que me vejam
Enquanto escancaro minha alma
Para tentar retirar dela
Pequenos fragmentos poéticos
Com o qual tecerei alguns poemas tolos.

Quão desastroso seria
Se me vissem em tal posição desguarnecida
Me isolo em meio à natureza
E ali percebo que não há poesia
Que resista à metafísica de Alberto Caieiro
Que as linhas poéticas com que foram traçadas as montanhas
Que o brilho poético que alimenta o sol
Foram criados numa língua remota, desaparecida há muito.

E ao tentar capturar tudo isso
Me percebo e me envergonho
De minha pequenez egocêntrica
Frente à potencia criadora da fonte
E sem poder capturar
O canto das flores em voz de amanhecer
Ou o canto dos pássaros em voz de pôr-do-sol
Encho minha mala de sereno
E com estes arremedos poéticos
Volto à vida que deixei
Esperando que ela me permita esquecer
Me permita adormecer.

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