Não tenho muito tempo, nem deuses a adorar.
Tenho talvez umas poucas horas
Que distribuirei entre os que passam, os que chegam
De longe para jamais descansar, os anônimos.
Não tenho a paciência infinita ou o pecado
Para lançar ao vento frio e cortante da manhã.
Tenho o olho míope e uma lembrança entrecortada,
Vejo tudo pela lente dos cinquenta anos.
Não tenho o tesouro arrancado dos mares, não
Tenho longas braças de terra a cultivar, tenho porém
Um lote de almas para lembrar e uma cidade.
O que fui está em mim gravado pela eternidade.
Não tenho aspiração ao novo mundo, às Índias, ao
Desconhecido. Enterrei os ídolos em cova funda.
Vou desgarrado em prumo como só eu posso ir adiante
Sem mais ninguém além de mim criado por deus.
Não sei qual deus, a origem não sei, nem me interessa.