Na contra-mão da crítica publicada pela mídia sobre as recentes produções brasileiras no último Festival de Paulínia, afirmando-se que o cinema nacional está em baixa, opinião da qual discordo, indico o filme “Dias e Noites”.
Adaptação feita para o cinema do livro, “Clô, Dias e Noites”, de Sérgio Jockman, sob a direção do renomado cineasta e jornalista Beto Souza, conhecido pela trajetória que o levou a conquistar vários prêmios nos festivais de Gramado, o filme conta a história da vida de Clotilde (Nara Schneider) que, após se casar, em conformidade com a conveniência de seus pais, com o rico fazendeiro Pedro Ramão (Antônio Calloni), vê seus dias e noites se delongarem em amarguras e sofrimentos, entre machismo e valores arcaicos, que a levam à desventura, à infelicidade, enquanto é vitimada pela violência doméstica.
Após sofrer várias agressões e humilhações, Clotilde resolve sair de casa perdendo tudo, inclusive a guarda de seus filhos.
Transitando por memoráveis passagens de nossa história, a protagonista vive os tumultos políticos dos anos 60, assumindo uma conduta de mulher e amante, questionando os valores e costumes de sua época.
Esta produção, que conta com a bela trilha sonora de Guto Graça Melo e a destacada interpretação de José de Abreu, revela que o sul do país vem produzindo bons filmes, ousados e intrigantes, apresentando, ainda, atores novos que têm nos surpreendido, como é o caso da atriz Nara Schneider.
Frente ao açodamento da crítica recente, ratifico minha convicção de que o Brasil, mesmo que pesem eventuais tropeços, continua produzindo cinema de qualidade, à altura das grandes produções internacionais.
“Dias e Noites” é, sem dúvida, uma dessas belas pérolas da cinematografia brasileira. Assistam e confiram!