Confiança

Publicado por Carlos Bitencourt Almeida 8 de setembro de 2010

Quando convivemos por longos anos com outras pessoas construímos lentamente uma história comum. Aprendemos a conhecer o outro dentro da perspectiva do tempo. Sentimos simpatia e antipatia, admiração e repulsa, gostamos de certos aspectos e não gostamos de outros. Aprendemos a confiar ou então percebemos a pessoa como irresponsável, omissa, negligente, desonesta.

Existem pessoas que não assumem os próprios erros. Tem a postura arrogante de que não voltam atrás, que estão sempre certos. Outros, mais flexíveis, admitem seus erros sem falar no assunto. Veêm que erraram, procuram se corrigir, demonstram através de seus atos sua tentativa de reparar o que fizeram, mas não falam no assunto. E há aqueles que pedem desculpa abertamente.

Dentro da categoria destes que pedem desculpa existem dois tipos. Há aquele que efetivamente lamenta o que fez ou disse e procura corrigir-se, reparar o dano que causou. E existe aquele que pede desculpa de um modo superficial. Admite que errou, pede desculpa e daí a um tempo repete o mesmo erro. Na realidade ele não só pede desculpa como se desculpa. Já que eu pedi desculpa está tudo limpo. Posso fazer de novo. Se eu for pego em flagrante é só pedir desculpa e fica tudo bem. Este tipo de pessoa, mesmo quando pede desculpa, não acha que está errado. Sabe que incomoda, prejudica, fere, dá prejuízo, mas não se importa. Quando precisar, faz de novo. Seu pedido de desculpa é uma forma de tentar acalmar o outro, de mostrar que é uma boa pessoa. Mas na prática não tem intenção de mudar. Quando for conveniente faz de novo, sem remorso.

E, às vezes, este tipo de pessoa fica extremamente magoada ao perceber que não confiamos nela. Logo ela que é tão sincera, que sempre pede desculpa, e até chora falando dos próprios erros. De fato é mais difícil ter raiva deste tipo de pessoa. Tão simpática, pede desculpa com tanta emoção, que é preciso muita firmeza e discernimento para manter-se lúcido.

Amar não é o mesmo que confiar. Posso amar alguém, ser disponível para ajudá-lo, admirá-Io nas suas qualidades, gostar de sua companhia. Mas se deixo de ver seus defeitos e incapacidades estou sendo cego. Nas relações íntimas, seja no casamento, no trabalho, nas amizades, em família, construímos lentamente, ao longo dos anos, nossa reputação. Podemos ser amados, às vezes gratuitamente, às vezes através de nossas qualidades, mas é preciso que tenhamos claro que para alguém confiar em nós, temos de merecer, temos de construir esta confiança a partir de nossos atos.

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