Há muitos tipos e gráus de egoísmo. Há o egoísmo predador, sem escrúpulos. É a pessoa que busca seus próprios fins e prejudica quem quer que seja para conseguir o que quer. É um egoísmo lúcido. A pessoa é consciente do que faz. Sabe que está prejudicando e não se importa. É também o tipo de egoísmo que inspira os atos de vingança e de sadismo. Uma pessoa em que este comportamento predomina pode ser extremamente gentil e agradável quando isto for útil para ela e fria e cruel quando seus interesses estiverem ameaçados.
Um segundo tipo é um egoísmo meio sonolento, pouco lúcido, infantil. É a permanência no adulto daquele egoísmo que frequentemente está presente nas crianças. “Eu quero o que é bom para mim. Não vejo as necessidades dos outros. Quero receber, ter prazer, e vou em busca disto. Não estou interessado em prejudicar outros, mas posso até prejudicar sem perceber”.
Há o egoísmo ético. “Quero o que é bom para mim. Não estou preocupado em atender as necessidades de outras pessoas. Percebo que o outro existe e o que quer. Não quero prejudicar a ninguém”. Enquanto o primeiro tipo é lúcido e destruidor, este é lúcido e cuidadoso. É alguém que sabe e busca o quer, mas tenta não atropelar ninguém. Dentro do egoísmo ético pode se situar a necessidade de autoabastecimento. Há momentos no cotidiano ou épocas da vida em que precisamos nos reabastecer, receber. Vamos em busca de quem nos ajude ou quem nos nutra, ou então necessitamos do isolamento e através dele podemos nos curar, nos renovar, descansar.
Um dos tipos de generosidade nasce do senso de dever, de responsabilidade. Há uma divisão interior. Uma parte de mim quer ser útil e a outra está cansada ou não simpatiza com aquele que precisa ser ajudado. Se predomina a antipatia fazemos algo apenas por obrigação, sem alegria, entusiasmo ou vivacidade. Neste caso ajudamos um pouco e atrapalhamos um pouco. A energia da antipatia, da irritabilidade, do desprezo, por mais dissimulada que esteja atua como um veneno, causa dor. Também pode acontecer o contrário. Começamos a ajudar alguém estando divididos e aos poucos a boa vontade vai crescendo e o afeto termina por predominar. Aí podemos ser verdadeiramente úteis.