Devoção a Nossa Senhora de Lourdes, gratidão pela vida!
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A devoção a Nossa Senhora de Lourdes surgiu no século XIX no Sul da França em torno de uma gruta, na cidade de Lourdes, quando uma menina, ainda adolescente com apenas 14 anos de idade, chamada Bernadette Soubirous, hoje Santa Bernadette, teve um encontro com Maria a mãe de Jesus, enquanto atravessava o rio Gave de Pau, que margeava a cidade de Lourdes, na região dos Altos Pirineus, na França.
Bernadette era a primogênita, filha de camponeses pobres, sofria de asma crônica. Mas mesmo doente, apesar das recomendações de sua mãe, foi com a irmã Toinete apanhar lenha nos arredores da cidade, e na volta, com enorme feixe de lenhas na cabeça, Bernadete ficou com medo de atravessar o canal que passava bem próximo da gruta, pois a água estava muito gelada e ela poderia agravar a sua doença, mas depois de hesitar muito resolveu atravessá-lo.
Muito provavelmente pensava ser aquela, mais uma das caminhadas corriqueiras que costumava fazer para buscar lenha para a cozinha de sua casa. Mas em determinado momento Bernadette foi surpreendida por uma voz de mulher que a chama pelo nome de dentro da gruta, foi quando ouviu um barulho como “um pé de vento”.
Bernadete olhou, mas nada viu. Como tudo estava muito quieto, continuou na travessia, quando de repente uma luz suave apareceu na penumbra da gruta, e no meio dela, surgiu uma dama maravilhosa, vestida de branco, que abriu os braços, convidando-a para vir a seu encontro. Bernadete apavorou-se, pegou o terço e começou a rezar efusivamente. A santa convidou-a novamente, mas diante da recusa desapareceu.
Era o dia 11 de fevereiro de 1858, quando aquela menina simples se aproximou daquela gruta e deparou com uma linda e jovem senhora trajando uma túnica branca com um cinto azul e um rosário em sua mão, que falava com ela com voz firme, simples e comovente.
Surpreendida sem saber de fato o que estava acontecendo, a jovem começou a rezar, mas logo percebeu que se tratava de uma aparição de Maria, a mãe de Jesus, a quem as comunidades católicas da França costumavam chamar de Notre Dame, Nossa Senhora, recorrendo a ela nos momentos difíceis de aflições e sofrimentos.
Vale ressaltar que a França na época vivia um forte movimento anticlerical e a resistência à Igreja Católica vinha principalmente do ideário da Revolução Francesa. O Papa era o Beato Pio IX, que três anos antes das aparições havia proclamado os dogmas da Imaculada Conceição e da infalibilidade papal!
Após a primeira aparição, a santa continuou a aparecer para Bernadette por mais 17 ou 18 vezes, não se sabe ao certo, em um período de cinco meses seguidos. Foi numa destas aparições que, num determinado momento, Nossa Senhora pediu que Bernadete cavasse o chão com as próprias mãos.
Aquela era uma região seca e todos os moradores sabiam que, embora estivesse às margens de um rio, jamais poderia brotar água facilmente daquela gruta revestida de pedras. Mas, no entanto, no local onde Bernadete cavou começou a brotar uma água que jorra até os dias de hoje.
A notícia das aparições se espalhou e multidões de peregrinos começaram a ir à gruta querendo ver Nossa Senhora, porém somente Bernadete conseguia vê-la. As autoridades não entenderam o misterioso fato das aparições e Bernadete foi vítima de agressões e zombarias, foi inquirida por policiais e autoridades religiosas até que o governo francês interveio e mandou interditar a gruta.
A partir dos primeiros eventos iniciou-se uma grande peregrinação, vinda de diversas parte do mundo para a região da gruta e diversas curas milagrosas começaram a ser comprovadas. As pessoas acometidas por enfermidades, que das águas daquela fonte se aproximasse recebiam graças e viam suas vidas milagrosamente transformadas! Assim nascia a devoção a Maria, a mãe de Jesus, com o título de Nossa Senhora de Lourdes.
Hoje naquele local sagrado e místico das aparições, encontra-se erguido o belíssimo e imponente Santuário dedicado a Nossa Senhora de Lourdes com arquiteturas bizantina e românica, que nos leva a comtemplar nas silhuetas, semelhantes a braços abertos, a representação do acolhimento da mãe e a fraternidade entre os povos.
O grande santuário, é na verdade, um lugar de fé universal e de grandes peregrinações que recebe milhões de pessoas vindos de todas as partes do mundo e das mais diferentes culturas e etnias, buscando respostas para suas indagações interiores ou receber milagrosamente a cura física de diversas origens. Muitos são os enfermos que chegam até lá em cadeiras de rodas, macas, muletas, na verdade, não importa a forma de chegar, o importante mesmo é chegar e agradecer pelas curas e muitíssimas graças alcançadas.
Bem ao lado do santuário está a gruta de Massabielle, no dialeto local significa pedra velha, com a fonte milagrosa, que emociona e surpreende os peregrinos que ali chegam cheios de esperança e fé, expressando nos mais diferentes gestos seus louvores e agradecimentos, sobretudo suas fervorosas orações. Todos querem alcançar a cura milagrosa desejada e deixar suas muletas, suas cadeiras de roda e seus amuletos e encher uma garrafinha com a água da fonte milagrosa que nunca seca.
1958 foi o ano do Centenário da primeira aparição de Nossa Senhora de Lourdes e por influência dos padres muitas mães deram o nome de Maria de Lourdes para as meninas nascidas naquele ano.
A devoção a Nossa Senhora de Lourdes no Brasil está presente em vários locais, com importantes igrejas como as da capital mineira, Belo Horizonte, declarada basílica em 1958, ano do centenário da aparição, pelo Papa Pio XII a pedido de dom Antônio Cabral, primeiro bispo da então jovem capital mineira. Também no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Juiz de Fora, assim como em diversas outras cidades e bairros por diversos estados brasileiros, com dioceses, paróquias e pequenas comunidades que a adotaram como padroeira.
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