1. Na Solenidade da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo, 9 de maio do ano 2024, o Papa Francisco publicou a bula de proclamação do jubileu ordinário do ano 2025.
Em uma passagem do Documento, ele diz:
“Estabeleço ainda que, no domingo 29 de dezembro de 2024, em todas as catedrais e co-catedrais, os Bispos diocesanos celebrem a Santa Missa como abertura solene do Ano Jubilar, segundo o Ritual que será preparado para a ocasião. […].
A peregrinação, desde a igreja escolhida para a concentração até à catedral, seja o sinal do caminho de esperança que, iluminado pela Palavra de Deus, une os crentes. Durante o percurso, leiam-se algumas passagens deste Documento e anuncie-se ao povo a INDULGÊNCIA JUBILAR, que poderá ser obtida segundo as prescrições contidas no mesmo Ritual para a celebração do Jubileu nas Igrejas particulares.”
2. Quando aconteceu o primeiro Ano santo na história da Igreja?
O Papa Bonifácio VIII, no ano 1300, instituiu o primeiro Ano Santo. O povo de Deus vivenciou esta oportunidade como um dom especial da graça divina, caraterizado pelo perdão dos pecados e, em particular, pela INDULGÊNCIA, expressão plena da misericórdia de Deus. Afinal, como diz a Escritura, “é o Senhor quem perdoa os teus pecados…”
3. De onde veio a inspiração para a celebração de um Ano Santo ou Ano Jubilar?
Suas raízes estão no Antigo Testamento. No livro do Levítico, cap. 25, que fala do “ano sabático”.
A Lei de Deus santificou o sétimo dia (que era o sábado para os hebreus do AT). Um dia de descanso para o homem e para a família, quando todos se lembravam que não eram escravos de seu trabalho.
A cada 7 anos, celebrava-se um ano sabático para a terra: não se plantava, não se colhia, mas vivia-se do que fora produzido antes. A terra descansava e se recuperava.
Lemos no Levítico 25, 8ss: “Contarás 7 semanas de anos ( 7 x 7 = 49 anos)… No 7º mês… farás vibrar o toque da trombeta. [yobel = chifre de carneiro, seria o nosso berrante…]. Declarareis santo o quinquagésimo ano e proclamareis a libertação de todos os moradores da terra. Será para vós um jubileu: cada um de vós retornará ao seu patrimônio [a terra herdada dos pais]”
Nesse ano do jubileu, a família que tivesse vendido suas terras recuperava todos os seus bens. O jubileu evitava a acumulação da terra e a formação de latifúndios. Por isso mesmo, o valor da terra ia diminuindo à medida que se aproximava o ano jubilar. Os escravos eram libertados. As dívidas eram zeradas. UM GRANDE PERDÃO!
“Pois é de mim que os filhos de Israel são servos; são servos meus que eu fiz sair da terra do Egito” (Lv 25,55). Não faz sentido Deus libertar o povo do Egito e as pessoas acabarem escravizadas outras vez.
No AT, era isto exatamente o que acontecia a cada 50 anos.
a) Abstenção de todo trabalho agrícola (semear, plantar, segar o trigo, colher as uvas etc.);
b) Liberdade incondicional para todo escravo hebreu.
c) A devolução dos campos aos seus proprietários originais.
O tempo de Jubileu era um tempo de Paz e Reconciliação, um tempo de festa e perdão. Um tempo de Graça Divina.
4. No primeiro Jubileu cristão, instituído pelo Papa Bonifácio VIII, em 22 de fevereiro de 1300 com a bula Antiquorum fide relatio, quem fizesse uma peregrinação a Roma, aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo, receberia a indulgência plenária.
Após o ano de 1475, o intervalo entre os jubileus passou de 50 para 25 anos. As Bulas jubilares, as intenções para a jornada do peregrino e as orações a serem rezadas nos santuários foram impressas pela primeira vez, graças à nova imprensa. Desde então foi adotada a denominação de “Ano Santo” que chegou até nossos dias.
5. O que são as indulgências?
Reza o cânon 992 do Código de Direito Canônico: “É a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados, quanto à culpa que o fiel, devidamente disposto, e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica com autoridade o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos.”
Indulgência é um perdão da pena temporal (que deveria ser cumprida no purgatório). No sacramento da reconciliação (penitência ou confissão) somos perdoados da CULPA do pecado, mas permanece uma PENA temporal que ainda devo como pecador.
Jesus perdoava pecados (como no caso do paralítico). Esse poder ou faculdade de perdoar pecados foi transmitida por Jesus aos apóstolos:
– Tudo o que desligardes na terra, será deligado nos céus…
– Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados…
– “Que devemos fazer?” “Convertei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, e recebereis o perdão dos vossos pecados…”
6. É usando deste poder – dispensadora da Redenção! – que a Igreja nos absolve de nossos pecados (da CULPA) e pode reduzir ou zerar a nossa PENA.
E quem mereceu isso para nós: Jesus Cristo, com sua paixão, morte e ressurreição.
7. Como pode ser a indulgência? E quem pode lucrar as indulgências?
A indulgência pode ser parcial (1 ano, 5 anos…) ou plenária (completa, integral…).
Para ganhar as indulgências é preciso que o fiel esteja em estado de graça (sem pecado mortal) pelo menos no final das obras prescritas pela Igreja.
Repetindo: é a remissão, total ou parcial, da pena temporal devida, para a justiça de Deus, pelos pecados que foram perdoados, ou seja, do mal causado como consequência do pecado já perdoado através da confissão sacramental.
A remissão é concedida pela Igreja Católica no exercício do poder das chaves [tudo o que desligares…], por meio da aplicação dos superabundantes méritos de Cristo e dos santos, por algum motivo justo e razoável.
Conforme determina o Decreto da Penitenciaria Apostólica, de 13 de maio de 2024, compete aos bispos diocesanos indicarem os lugares sagrados aonde os fiéis poderão comparecer em peregrinação para obterem as indulgências do Jubileu.