Nhá Zefa é muito devota. Terço e ladainha é com ela. Sabe oração de espantar cobra e amansar cachorro doido. Mas, coitada, ela tem suas manias…
Nhá Zefa acha que santo tem que ter cara de santo. Claro, já imaginaram um santo rindo? Santo tem de ter o ar sério, os olhos virados para as nuvens, o pescocinho entornado para um lado. Já viram santo sem beatice? Cruz credo!
Mas não é só a Nhá Zefa que pensa assim. Quando Teresa de Lisieux – nossa querida Teresinha – foi canonizada, precisaram fazer a imagem dela. Foi um problema sério, pois a Teresa de carne e osso não tinha cara de santa. Vejam acima sua fotografia real:
Esse rostinho gorducho não ia inspirar ninguém. Então, acharam um artista para “melhorar” a santa. É a imagem que todos conhecem:
Linda? Sim. Mas falsa. A verdadeira é aquela que lavava roupa, escrevia poesia e fazia teatro. Ficou a falsa…
Que mania é essa de pensar que santo tem de ser esquisito? Um santo segurando caveira?
Um santo trepado no alto de uma coluna?
Diferente de S. Geraldo Magela ou Simeão, o estilita, o santo pode gostar de um gole, como Santo Arnulfo, o cervejeiro.
Ou pode gostar de uma moda de viola, como São Gonçalo violeiro.
Pode ser apenas um casal que gerou filhos para Deus, como o casal Quatrocchi, padroeiro do X Encontro Mundial das Famílias:
Um santo não precisa ter cara de infeliz, com um cachorro lambendo suas feridas, como São Roque.
O santo pode (e deve!) mostrar-se alegre, jovial e feliz, porque – todos sabem – “um santo triste é um triste santo”…
Hoje, em pleno século XXI, com o Coliseu fechado para reforma e faltando leões para enfrentar, os cristãos ficam brigando entre si por causa do santo e sua cara.
Ora deixem o Carlinhos em paz, com seus óculos ray-ban, seu blog na Internet e sua calça jeans. E deixem de ser chatos!!!