Gratidão – parte III

Gratidão – Parte II

O sentimento de compaixão do doador de órgão e a gratidão do receptor – uma experiência na condição de renal crônico terminal com a gratidão de ser transplantado.

Quero finalizar esta reflexão parafraseando Saint Exupéry em O Pequeno Príncipe: “se eu soubesse tudo que sei hoje, teria evitado muitas dores e sofrimentos desnecessários. Mas a vida é assim mesmo, tem coisas que a gente precisa passar para aprender e compreender para poder evoluir.”

Naquela noite em que recebi um rim substitutivo me sentia inteiramente grato. Era como se estivesse saindo de uma grande faculdade, onde acabava de receber um grande aprendizado, uma força incrível foi reabastecendo o meu coração com novas energias, um novo vigor e um forte sentimento de gratidão.

Ser receptor de um órgão vital é motivo de gratidão, muita oração de agradecimento, satisfação e alegria sem limites! O doador quando decide doar realiza um dos atos de amor ao próximo, solidariedade e generosidade mais sublimes que possa existir. Ele vai salvar a vida daquele que aguarda ansiosamente por um transplante, como foi no meu caso. Talvez naquela noite o meu eu existencial tenha chegado no seu ponto máximo da gratidão!

Portanto quero expressar minha Gratidão máxima a meu Deus pelo milagre de ser sido transplantado, ter de volta a possibilidade da continuidade da vida, ter passado pela experiência do encontro comigo mesmo e muita gratidão aos familiares do meu doador, que agora faz parte da minha história de vida.

A doação de órgãos é um gesto nobre que pode salvar vidas e proporcionar uma segunda chance para muitas pessoas. Na maioria das vezes, o transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para as pessoas que precisam da doação.

Quando um transplante é bem-sucedido, uma vida é salva, interferindo também na saúde física, psicológica, mental e emocional de todos os envolvidos. Na insuficiência renal crônica avançada, que tomo liberdade de chamá-la de caminho da morte, o transplante renal é uma alternativa para o caminho da vida garantindo melhora na qualidade de vida do transplantado e sobretudo a sua sobrevivência.

Neste processo da gratidão e de valorizar o que temos, vamos estimulando o nosso cérebro, reduzindo a pressão arterial, tornando-se uma pessoa mais saudável, mais grata, tendo menos riscos de infartos, menos riscos de acidente vascular cerebral e menos riscos de doenças terminais.

A Gratidão promove Equilíbrio! Equilíbrio é sinal de saúde física e mental, que é sinônimo de felicidade. Ser grato é se sentir-se útil em ter o privilégio de ser feliz ao poder ajudar pessoas. Quando a gente é grato sentimos fazer parte deste todo, sentimos fazer parte do Paraíso, deste Universo criado por Deus, único e exclusivo para nós seres humanos.

A doação de órgãos é uma forma de salvar vidas, portanto, um ato de amor ao próximo! Portanto deixo aqui o meu apelo às pessoas que podem prestar este serviço ao próximo! Cada um de nós podemos fazer a nossa parte! Aqueles que tem condições saudáveis e podem fazer a sua doação em vida ou deixar a sua autorização para após a finitude da vida no corpo, que faça por gratidão e amor ao próximo.

Portanto não deixe passar esta oportunidade e faça a experiência com o maior e mais belo sentimento que o ser humano pode sentir: a Gratidão, o fazer o bem! Quanto a mim estarei à disposição para ajudar os colegas portadores de doença renal crônica terminal e deficientes físicos com o apoio emocional e espiritual.

Jesus que passou toda a sua vida realizando o bem, todas as vezes que deparava com alguém destruído por dentro, por doenças físicas ou algum transtorno emocional, tinha um olhar afetuoso de carinho, compaixão e Gratidão e arrumava uma forma de libertá-los da dor e do sofrimento, os curava e devolvia a condição da dignidade humana.

Sempre manifestava o seu poder de cura e dizia: “Segue o teu caminho e vai em frente, a tua fé te curou”, ou seja, pode ir em paz o teu psiquismo, teu espírito, a essência divina que vive em você já te curou! Depois dizia aos discípulos para fazer o mesmo: “ide vocês, curai os doentes que houver na cidade e proclamai lhes: o reino de Deus está à vossa disposição” (Lucas, 10:9) e foi ele que também disse “eu vim para que todos tenham vida em plenitude” (João, 10).