Da janela vejo passar
Rumo à praia
A moça dos cabelos verdes
De manhã foi ao salão
Onde lhe compuseram
Um penteado africano
Sabe-se que tem namorado
Com quem às vezes passeia
Pelos campos ao redor
Chega montado na moto
Camisa aberta no peito
Tatuagens
Agora, em tarde de sol
Observo-a descendo
No outro lado da rua
Caminha decidida
Maiô azul, mãos vazias
Pés descalços
Um pescador a viu
Quando se lançou sobre as ondas
Rumando para o mar aberto
Como estranho peixe – disse ele
Continuou em nado perfeito
Deslizando sobre as águas
O moço da motocicleta
Neste mesmo dia
Estacionou à sua porta
Depois foi para o mar
Sobre o qual lançou
Flores de cerejeira
Só então nos contou
(Nereida o nome dela)
Já lhe havia confessado
As saudades do mar
Dos corais coloridos
De enseadas distantes
Impossível lhe foi evitar
Que retornasse a Poseidon
Sua natural moradia