A terrível catástrofe provocada pelo terremoto de janeiro concentrou sobre o Haiti as lentes da mídia internacional. Deixando de lado a exploração excessiva (e mórbida!) de imagens espetaculares, subitamente, era como se o mundo descobrisse de novo o Haiti, sepultado na sombra desde o primeiro descobrimento, em 1492, pelos espanhóis.
No fundo, era como se até agora o Haiti fosse apenas uma ilha do Caribe, de clima tropical, com praias cobertas de bucólicos coqueiros. Como se até então um véu nos cobrisse os olhos e nos permitisse ignorar que aquela nação tem 47,1% de analfabetos em sua população, com a taxa de mortalidade calculada em 74 mortes por 1000, até o primeiro ano de vida, e com a expectativa de vida de abaixo de 59 anos.
Com o terremoto, porém, fomos obrigados a contabilizar não só os 200 mil mortos, mas também estas cifras mantidas na meia-luz.
Ora, o Haiti não é só o Haiti. O Haiti miserável de população afro-espanhola também tem traduções na Mãe África. Uma pequena amostra com cinco nações confirma a tese:
Podíamos lembrar ainda a situação da região conhecida como Darfur, no sul do Sudão, onde a população cristã tem sido atacada por milícias do governo islâmico, perseguida, violada, forçada a emigrar, em um dos maiores genocídios dos tempos modernos, sem que a mídia ocidental envie ao menos um fotógrafo para documentar o desastre sem espetáculo. Quem sabe, um terremoto nos acordaria?
O Haiti é no Haiti. O Haiti é ali na África. O Haiti é aqui no Brasil.
Em uma de minhas viagens missionárias no Norte do Brasil, mandaram-me de avião, um Bandeirantes não-pressurizado, de Marabá, PA, para Imperatriz, MA, de onde seguiria de ônibus para Araguaína, TO. Em Imperatriz, o conhecido feudo da família Sarney, esperei várias horas na rodoviária local. Ali, eu conheci o Haiti…
Aquela estação rodoviária apresentou-me um espetáculo dantesco. Dezenas de mendigos, aleijados, cegos e prostitutas. Famílias inteiras amontoadas pelo chão, em trânsito para algum lugar, com suas “mudanças” envolvidas em sacos de pano. Um pavoroso quadro da miséria humana.
Esse povo humilde e miserável não espera nada de ninguém. Não tem escola para aprender a ler e escrever, e se sobreviver ao primeiro ano de vida, herdará da subnutrição a promessa de viver pouco. Esta é a realidade que se oculta sob as cifras relativas ao analfabetismo, à mortalidade infantil e à expectativa de vida.
Estão prometendo um Plano Marshall para o Haiti, uma dose cavalar de investimentos a exemplo do que se fez na Europa do pós-guerra. Se de fato o plano for levado adiante, o Haiti sobrevivente se prostrará de joelhos para agradecer à Mãe Gaia o terremoto que lhe enviou.
E nós? Precisaremos de um abalo sísmico para descobrir, bem ao nosso lado, o irmão com fome? O Haiti é logo ali, é aqui!
Comentários
quero agradecer ….
essa materia me ajudou muito pois estava fazendo um trabalho sobre a africa e foi um dos sites q encontrei a materia + so aqui encontrei a melhor
pois graças a vcs consegui ganhar meus 5,10 pts em geografia pois e muito bom achar sites q nos contam tudo q precisamos
OBRIGADO…. quando precisar vou estar sempre por aqui
agradeço do fundo do coraçao
pois foi esse OTIMO site q encontrei q me fez conseguir passar em geografia
……………………………………..muito obrigada………….mesmo de coraçao