“Eu sei: nojo é invenção, do Que-Não-Há, para estorvar que se tenha dó.”
“Informação que pergunto: mesmo no céu, fim de fim, como é que a alma vence se esquecer de tantos sofrimentos e maldades, no recebido e no dado?”
“Moço!: Deus é paciência. O contrário é o diabo”.
“E sei que em cada virada de campo, e debaixo de sombra de cada árvore, está dia e noite um diabo, que não dá movimento, tomando conta.”
“Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar – é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá certo. (…) Deus existe mesmo quando não há. (…) Mas a gente quer Céu é porque quer um fim: mas um fim com depois dele a gente tudo vendo.”
“Tudo que é bonito é absurdo – Deus estável”.
“Quem-sabe, a gente criatura ainda tão ruim, tão, que Deus só pode às vezes manobrar com os homens é mandando por intermédio do diabo?”.
“O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver – a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo”.
“Ser ruim sempre, às vezes é custoso, carece de perversos exercícios de experiência”.
“E a gente, isso sei, às vezes é só feito menino. Se tem alma, e tem, ele é de Deus”.
“Onde é que está a verdadeira lâmpada de Deus, a lisa e real verdade?”
“Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria…
Depois, retoma coisas e pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinhos…
Essa… a alegria que ele quer.”
Amor e Amizade
“Amor é a gente querendo achar o que é da gente.”
“O amor? Pássaro que põe ovos de ferro.”
“Para ódio e amor que dói, amanhã não é consolo.”
“Quem ama é sempre muito escravo, mas não obedece nunca de verdade”.
“Um amigo… é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é.”
“Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo – é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por que é que é”.
“Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”.
“Por esses longes todos eu passei, com pessoa minha no meu lado, a gente se querendo bem. O senhor sabe? Já tenteou sofrido o ar que é saudade? Diz-se que tem saudade de ideia e saudade de coração…”
“Vixe! me empolguei. Desculpe-me, Helô. A gente vai longe por essas veredas. Beijo e tudo de bom.”