um anjo empilha versos invisíveis
ao lado da minha cama
enquanto durmo, assim imagino.
Não alcei altos voos
mas entrego os meus poemas
como uma dádiva, acredito.
Dos versos invisíveis extraio
a minha gramática
está escrito.
o anjo assopra poema em meu ouvido
mas eu logo o perco
quando acordo, assim imagino.
Não entreguei a alma
mas me dobrei ao sentido
das palavras, acredito.
O que me diz o vento eu repito
em alheio ouvido
está escrito.
e me pergunto se é anjo ou espírito
esse cão sem dono
a uivar na madrugada.
Não sei o que é isso
mas escuto a sua voz
me indicando caminhos.
Vim de lugar que não sei
nem para onde vou
pois ando em círculos.