perdida nos sertões gerais
especula:
Cadê as cartas do namorado
que vinham de longe
e deixavam a mocinha saltitante?
Perguntava, tão logo o via:
Senhor Carteiro, que traz para mim hoje?
depois da ponte sobre a linha férrea
já não o espera no alpendre
em meio a vasos, margaridas, samambaias
com olhos brilhantes de expectativa.
senta-se à sombra da figueira na praça
na monotonia de um dia
que não promete emoções.
vai perquirindo, questiona:
será que o namoro acabou?
Onde andam todas aquelas missivas?
digo-lhe eu:
os tempos mudaram, o correio não é mais o mesmo
tendo chegado o tempo do celular
que nestes confins aportou.
capinar pastos, ordenhar as poucas vacas
apascentar seus dias ora intermináveis.
Cartas de um tudo – inclusive as de amor
cederam lugar em definitivo
para os tais whatzapp, face, email…
seu ofício, meu desconsolado amigo
carece de importância nos dia de hoje.
entenda que permaneça na penumbra do quarto
em ligação direta com o namorado
e por certo se esqueceu
de que existe neste vilarejo
alguém que nem tanto tempo faz
lhe trazia num simples envelope
cravejado de selos coloridos
promessas de aventuras
a turbilhonar seu coração juvenil.
Comentários
Na imaginação interiorana do poeta aa, vejo rubim, vejo bom despacho, vejo em retrospectiva a nossa lenta caminhada rumo ao patíbulo (num alpendre?). Em rubim de todos os santos, o carteiro foi expedito, gildásio, sempre alguém que se foi. Quais cartas nos aguardarão, aa?
Sem duvida somos do tempo desse carteiro . a quanto tempo não ouvia falar na palavra alpendre. Novos tempos, eu sabia seu nome . porque o trabalho se amesquinhou.. esse artigo me deixou cheio de lembranças da casa de Caeté onde papai começou a exercer sua medicina e nos filhos darmos os primeiros passos , até do enterro de minha irmazinha Iza Maria . Só podia vir de voce ,meu amigo , tais lembranças.Querido amigo. Abraços fraternos por este artigo
denso e doce.