Vejo os helicópteros
Que seguem rumo
Ao campo da morte de Brumadinho
Bosques, fazendas, pousadas
Águas cristalinas
Gorjeio de pássaros
Lama
Desespero
Corpos trucidados
O lento escorrer da massa amorfa
Semovente túmulo de rejeitos
Ceifando vidas às centenas
Devastou o vale onde
Pessoas
Animais
Plantações
Casas
Supunha-se até há pouco
Estariam contidas em existência
De previsíveis rotinas
E constato que aqui
Bem próximo a mim
A ambição humana faz
Em absurdo desvario
O que deuses
Mesmo em momentos de fúria
Jamais fariam
Desta Brumadinho destroçada
Que agoniza em meio a córregos e o Paraopeba
De águas envenenadas
Imolada no pântano dos senhores
Que trocam terra, minério, sangue
Soterrados cadáveres
A própria montanha
Por montanha outra de rutilantes moedas
Comentários
A segurança das barragens era atestada por engenheiros alemães, mas a força da natureza foi maior. Os DEUSES ASSIM DETERMINARAM e Castro Alves não respondeu…
Este nosso mundo vale o quanto pesa, em moeda e minério. Que nos soterrará para sempre sob toneladas de insensatez. Aqui se paga o que se fez – não há mistério.