que nunca se apagarão
no fragmento da memória
as tardes eram azuis
e um coração palpitava
no sonho daquele menino
resplandecente que eu era
mal me cabia no bolso
que a irmã costurara
no algodão xadrez da loja
a praça inteira e a vida
terá poema recitado
no alto falante da igreja
a lona imensa do circo
que a lua esconderá
no lençol alvo do tempo
quem haverá de dobrar
estendido num varal
com a tarde nele impressa?
Comentários
Belo poema, Wes!
A poesia continuará estendo seus azuis, mesmo quando desbotados, mesmo que a paisagem seja impiedosa e áspera como num Saara.