hão de arriar suas mochilas
no bosque à beira do riacho
à sombra de um ipê florido
à entrada de uma caverna
no altiplano
sob a sombra fugidia das nuvens
que acima perambulam
pássaros, buritizeiros, chuva
o arco-íris, um diadema
sobre seus corações juvenis
indômitas fibras pulsantes
caminham sem parar
sempre em frente
sem olhar para trás
na paisagem do povoado
não mais seus cumprimentos
suas canções matinais
brincadeiras ao anoitecer
suas passadas, seus sapatos gastos
marcando o barro dos becos
o namoro à penumbra dos alpendres
dela, longos cabelos ao vento
o inocultável desejo de fugir
dos que desconhecem fervores outros
que o das trocas vantajosas
por que não ao menos um adeus?
nem um gesto em que se percebesse
que estavam a partir?
nenhum relato de quando depois do último quintal
seguiram para rumo desconhecido?
quer sejam pântanos
ventos a varrer os vales
quer a sanha de animais
fome, sede, repentinas tempestades
num local sem olhares de censura
onde enfim hão de se descobrir
entre intimidades, conluios
sequência de presentes desdobráveis
ímpetos, entregas e fetiches
Comentários
Para aqueles que como eu adoraram esta poesia recomendo o romance “História de Pobres Amantes” de Vasco Pratolini, romantismo idealista. Tim-tim!