pede-me
cortemos os pulsos.
tergiverso, desconverso
tento mudar de assunto.
enquanto me fita
expondo a lâmina.
contrastam com seus lábios
lívidos.
sei que se pergunta:
onde a paixão, as certezas?
perfaz súbito o corte
tendo o braço sobre a mesa.
escorre até a toalha onde se desdobra
em rubra alvorada sobre o linho.
Comentários
Uma pequena obra prima. Quem dera pudesse escrevê-la! Um poeta da mais alta linhagem, esse Antonio Angelo das Oliveiras.
Ainda bem que o tempo tem o poder de reparar nossos impulsos por mais destrutivos que sejam