estou aqui.
Você é um homem bom:
bom pai, bom companheiro.
Não se aflija.
acabado, fraco, doente.
esta força que o derrota.
Não, não chore.
Olha que as crianças – que o admiram –
estão por perto e acabarão por também chorar.
e poucas latas, pouco vidro pode apanhar.
Quase não há o que vender.
apenas um resto de pão,
algum feijão,
e estamos famintos.
Não se amaldiçoe,
não veja só desgraça.
Descansa, procura dormir.
que não encontra emprego.
Sairei à rua, algum dinheiro vou conseguir…
Enquanto isto, vê se descansa.
e – se merecermos sua misericórdia –
motivo ainda encontraremos
para acalentar alguma esperança.
Comentários
Quando nada mais restar, o que de nós restará? O poeta inconformado um mundo novo não refundará. Nem este mundo velho nos abandonará. Quando mais nada restar, há que se rezar e rezar… Um criador a nos ouvir, haverá?
Agora em que eu estou completamente desorientado, você me escreve NÃO SE AFLIGA . Será que terei motivos para acalentar alguma esperança….vou reler o poema em linha reta de F.Pesoa. abraços
Antes de ir vê-lo li seu poema. Como v. entende a alma humana. Corpo e alma, mais existe mais corpo do que alma e você nos sensibiliza cada dia mais. Parabéns.