vejo-a em branco e preto
contra a paisagem que se dilui em cinza
(seu perfil delicado desenha-se
contra o écran da manhã invernosa)
que me interrogam com desaponto
cobrando-me entregas não consumadas
caminhamos na praia pedregosa
evitando discutir promessas descumpridas
quando quase perde o equilíbrio
devido aos desníveis do solo
abraçamo-nos
trazemos nossos corpos um ao outro
após ondas se acabarem em estrondo
num rendilhado de espumas
enreda dia a dia nossas almas
num labirinto de sabidas rotinas
seguimos ao léu, sem entrever um futuro
que videntes e horóscopos nos sonegaram
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Poemas assim nos tocam a alma, em fotografias que se esmaecem no tempo, do que fomos e do que podíamos ser, felizes e eternos como a memória compartilhada, mas sempre um pouco menos do que estava anunciado no sonho.