Dia de Santa Luzia, como vejo o mundo

Publicado por Sebastião Verly 13 de dezembro de 2022

dia de santa luzia
Dia 13 de dezembro é o consagrado a Santa Luzia pela Igreja Católica. Atribui-se a ela o cuidado com os nossos olhos. Há um mês visitei o Dr. Rubens meu oftalmologista e ele me disse que minha visão está excelente. Em gratidão a esta conclusão, eu hoje fiz questão de ver a beleza da vida. Despertei antes das seis, abri a janela e vi o primeiro clarão do sol, no céu azul a brilhar como se fosse só para mim. Aprovei a higiene do elevador e me olhei no espelho do fundo desse ascensor: que rosto mais lindo, meu Deus!!! Nem Narciso ficou tão encantado! Na portaria do prédio, uma senhora chegava de viagem e me cumprimentou com sorriso que, este sim, só para mim. Na rua, a primeira pessoa que vi foi uma negrinha mais linda, que provou que para as mulheres eu tenho os melhores olhos. Caminhei e vi o casal, um jovem e uma quase menina que corriam abraçados, isto mesmo abraçadinhos, para o ponto do ônibus e vi, conseguiram alcançar o veículo que acabava de parar. Virei a esquina da Avenida João Pinheiro e vi que havia novidades no prédio à frente. Com passos largos vi que na Pousada das Virtudes uma criança bem pequena brincava à vista da mãe, fazendo um ruído imitando avião. Na frente do Detran, meia dúzia de pessoas conversavam e todos exibiam seus sorrisos. O mendigo sentado no ponto do ônibus esqueceu que era pobre e com exuberante generosidade me cumprimentou com um Bom Dia!, mostrando os dois caninos que lhe restavam. A moça que vinha apressada ouviu meu “Bom Dia” e sorriu para mim. Na Praça da Liberdade, as luzes que a CEMIG instalou ontem estavam acesas e faziam um design maravilhoso. E por falar em design, observei que a Escola de Design, da UEMG está ficando linda e ofertando mestrado e doutorado para breve. Uma mulher, sempre observo mais as mulheres, bem idosa, corria com um conjunto alaranjado e cabelos louros bem pintados. Adiante, os trabalhadores da empreiteira da CEMIG contavam casos no intervalo da poda de uma árvore e sorriam às alturas do som das vozes e do elevador do caminhão Munck. Passou por mim uma jovem com as mais perfeitas curvas femininas, esculpidas num corpinho dos meus sonhos. Aí mais alegria, vejo o Dr. Francisco, esse médico, grande cientista do mundo todo que me cumprimenta: “AMIGO VERLY!”. Foi a glória este tratamento. Lembrei-me de suas viagens pelo exterior e de seu trabalho para juntar pessoas para resgatar o que há de mais charmoso na Praça da Liberdade. Como anda este Projeto, Dr. Xico Bastos? Dou a volta no coreto e vejo uma árvore que, no meio do belíssimo verde do conjunto, guarda flores boninas como se fosse para me saudar. Me chamam a atenção também as flores dos canteiros dos jardins, observo a simetria dos galhos do pinheirinho e olho para a estética do Palácio que, há exatos 120 anos, substituiu a Cafua da Papuda.

cafua da papuda santa luzia
Cafua da Papuda, onde fica hoje o Palácio da Liberdade em BH
Me lembrei que há 120 anos atrás quando os debates para a escolha do local da nova capital de Minas estavam acalorados, o argumento usado pelos opositores da escolha de Curral Del Rei era que ali havia muita incidência de papudos. Na época ainda não associavam o “papo” com a falta de iodo que fazia inchar exageradamente a glândula tireoide. Voltando do devaneio, nesse mesmo espaço há décadas vi o Ronaldo Costa Couto, na época Secretário do Governo, acompanhando o plantio de uma árvore, que acreditei, agora, ser aquela palmeira ali bem no canto, a mais linda que já vi em toda a minha vida. Vão lá e confiram. Dou mais uma volta e observo o prédio da Biblioteca Pública, obra encantadora do Oscar Niemeyer, que fez também o Projeto do lindo edifício em estilo ilusionista que leva seu nome e rouba os olhares na praça. Que lindos são os prédios neoclássicos das antigas secretarias, agora sediando atividades culturais abertas ao público. Na 11ª volta dos 537 metros que o meu grande amigo Nelson mediu, passa por mim uma princesinha que no explendor da juventude, permitia vislumbrar num espaço entre a blusa e a calça do conjunto de moletom a pele alva e a concupiscência mexeu com a minha consciência. Estava na hora de voltar para casa e receber novos sorrisos em resposta a meus cumprimentos. Um atleta negro de meia idade me cumprimentou com expressão de vitória na rapidez de sua corrida solitária. No céu, as nuvens iniciavam a dança para festejar este dom tão feliz da boa visão que me fez renovar a gratidão pelo privilégio de ver e pela vida que me permite pensar em coisas tão lindas. Natureza, firmamento e essencialmente o que mais gosto nesse mundo: mulheres, que exibem a beleza e as insinuações, e que vejo o tempo todo até voltar para casa e dar uma olhada de agradecimento para a bela igreja que me cumprimenta todas as vezes que passo diante das janelas da sala e do quarto. E para concluir, confiram, nos jardins da Igreja da Boa viagem, ainda restam três flores da espatódea que, acreditem, me vigiam o tempo todo. Aos que crêem, agradeçam a Deus e a Santa Luzia por este privilégio maior do mundo: a Visão!

Comentários
  • José Jésus Gomes de Araújo 2516 dias atrás

    Estar em paz com Deus com os homens e consigo mesmo é o maior dos dons. Parabéns pelos belos Devaneios.

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