E como é difícil a gente se despedir…
De um tempo, de uma história, de uma geração… daquilo e daquele que nos é fundante, em termos de matéria, de afeto, de vínculo, de vivências, de trajetórias, de identidade, de pertencimento. Origens.
Estar no Ceará pra me despedir do meu vô, da casa da família, dos quadros nas paredes, dos cheiros da infância, das festas cheias de dança e comida farta e discursos da vó, da bagunça dos netos dormindo nos colchões amontados na sala, dos presépios de Natal, da vista da varanda pro mar… não é fácil.
E hoje tomando um banho de mar e de sol, lavando a tristeza depois de dois dias de chuva e lágrimas, velório e enterro, me peguei pensando em quanto é difícil também me reposicionar nessa renovação das gerações da família… Enquanto venho até aqui e toda vez me revejo criança, hoje meus pais e tios já são os avós, eu mãe e meu filho e sobrinhos já ocuparam o lugar deles com todo o amor e alegria tão característicos dos pequenos, que chegam com essa missão mesmo de remexer as estruturas, levantar a energia da família e começar tudo outra vez.
Cantei pra ele e agradeci. Obrigada, vô, pela família incrível que você nos deu, pela oportunidade de tantos encontros, pela acolhida carinhosa de sempre… pelo dom da vida. Vai voar e encontrar a vovó, que deve estar saudosa já te esperando. Você segue com a gente, aqui dentro e sempre.