História do Carnaval – parte I

Publicado por Sebastião Verly 11 de fevereiro de 2020
história do carnaval parte 1

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O Carnaval tem características trazidas de egípcios, gregos, babilônicos, hebreus e romanos. A história do Carnaval remonta às celebrações pagãs dos tempos pré-cristãos, tendo a Igreja Católica sancionado os festivais onde as pessoas se mascaravam e dançavam nas ruas. Era uma festa satírica de classes e costumes. Cada um – pobre, escravo ou nobre – dançava nas ruas da cidade no Carnaval, e num raro momento de unidade e igualdade durante o festival, a classe superior tomava a roupa pobre da classe inferior e vice-versa, dissolvendo momentaneamente a hierarquia social, deixando em toda a gente a ilusão de se misturar com qualquer pessoa. Hoje, ainda há resquícios da tradição de inversão de papéis, mas prevalece a crítica apenas às normas sociais, a mostra da exuberância visual fantástica e colorida, enredos culturais, históricos, atuais, temas hilariantes e mobilizadores viraram aspectos vibrantes do Carnaval. Mesmo as travestis que já foram ponto alto da festa perderam seu status de luxo e primazia.

O formato do Carnaval pode ter surgido a partir das celebrações em honra ao deus Saturno na Roma antiga. Nessa ocasião, todos saíam para dançar nas ruas em meio a desfiles de carros ancestrais dos atuais carros alegóricos cheios de gente nua. A partir do nome desses carros, aceita-se uma das diferentes versões para a origem da palavra Carnaval, já que em latim os carros eram chamados de “carrum navalis” pela semelhança deles com navios. A versão mais conhecida é a de que a palavra Carnaval vem da expressão “carnem lavare” que significa “lavar a carne”.

A Igreja Católica fez com que o Carnaval passasse a ser uma despedida da carnalidade, materialidade, antes do período de penitência da quaresma. O Carnaval, em seu caráter religioso, relaciona-se diretamente com a páscoa. Da quarta-feira de cinzas até o domingo de páscoa são 46 dias, período em que muitos cristãos guardam a quaresma.

O Brasil é “o país do Carnaval!”

Em 1786, em Portugal, o Rei dom João VI aproveitou as festividades carnavalescas para contrair núpcias com Carlota Joaquina de Espanha. Quando os primeiros exploradores acostaram ao novo mundo, essas tradições aumentavam quanto mais colonizadores chegavam de Portugal à terra que é agora o Brasil.

O Carnaval português saiu das ruas e foi para os salões suntuosos pelo querer exclusivo dos franceses. Em 1840, aconteceu no Largo Rocio do Hotel Itália, o primeiro baile de máscara, cobrando ingresso de 2.000 reais, justamente para excluir as classes inferiores dos bailes da elite.

No século XVI e XVII, os portugueses, pela influência das festas Carnavalescas que aconteciam na Europa, trouxeram para cá o Carnaval.

Uma versão sobre o início do Carnaval no Brasil é a de que veio das celebrações da páscoa de 1641 que comemoraram também a restauração de Portugal, através de uma passeata a caráter onde o governador tomou parte, seguido de simulações de combates, corrida de touros e cavalhadas. Cavalhadas que ainda sobrevivem pelo interior do Brasil, representavam a luta entre mouros e cristãos, entre cavaleiros com cavalos ornamentados, sendo doze cavaleiros mouros e doze cavaleiros cristãos representando batalha travada na idade média ao tempo de Carlos Magno.

No século XVI, existia apenas o entrudo, com os foliões saindo pelas ruas a jogar água e talco nas pessoas. Após a independência do Brasil em 1822, segundo a tradição de igualdade e unidade durante as festas do Carnaval, os escravos foram bem-vindos às celebrações do Carnaval e aproveitaram dos três dias de liberdade, tornando-se assim uns dos participantes mais ativos no desfile. Hoje, as comunidades negras das favelas mesmo sofrendo a violência e a pobreza, participam das preparações do Carnaval e dão um toque de alegria para essa gente especialmente através das escolas de samba.

No Carnaval de 1870, surge a marchinha Zé Pereira, primeira música Carnavalesca do Brasil, regravada em 1922 e 1947. Em 1922, o lançamento do lança perfume propiciou a chegadas de máscaras, confetes e serpentinas. Em 1933, os festejos incluem personagens do teatro italiano, como o rei momo, pierrô, colombina e arlequim.

No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos “corsos”. Estes últimos tornaram-se mais populares no começo do século XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais.

No século XX, o Carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Esse crescimento ocorreu com a ajuda das marchinhas carnavalescas. Essas músicas deixavam o Carnaval cada vez mais animado. Em 1892, no início da República, o Ministério do Interior quis mudar a realização do Carnaval para o mês de junho. A justificativa era que o clima era mais ameno durante o inverno, fato que geraria melhor aproveitamento e conforto aos participantes. Evidentemente que não deu certo, mas o povo acabou comemorando o Carnaval duas vezes naquele ano.

O Brasil, depois que perdeu o título de “pais do futebol” manteve o de “país do Carnaval ”. A festa desses três dias, considerada manifestação cultural e festa popular mundialmente famosa, reúne turistas nacionais e estrangeiros por todo o país e tornou-se uma das principais atrações turísticas da nação, movimentando uma indústria milionária todos os anos. Depois dos ensaios na periferia, aproxima-se a lucrativa festa de pecados, ilusões e fantasias. Festa do povo ou para alienar o povo?

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