No ano da graça de 1772, o renomado físico Lavoisier assinou um relatório da Academia de Ciências, segundo o qual “a queda de pedras vindas do céu era fisicamente impossível”. Em outros termos, os meteoritos ficavam cientificamente proibidos de cair sobre nosso sábio planeta.
Infelizmente, a natureza é um tanto rebelde aos postulados acadêmicos… Tanto que, já em 1790, o meteorito Barbotan despencava com fragor sobre uma distraída comuna francesa, fato que foi testemunhado e documentado pelo senhor prefeito e todo o seu conselho municipal.
Estas e outras “bandeiras” (ou mancadas) cometidas pelos ilustres homens de ciência têm sido sistematicamente perdoadas pelos crentes de todos os credos. A fé sabe perdoar. Ao mesmo tempo, os acadêmicos de hoje continuam com avareza cada oportunidade de acusar a Igreja Católica por ter “silenciado” o pobrezinho do Galileu, quando este sábio ousou deslocar a Terra do centro do sistema solar e, de quebra, extraiu de suas observações astronômicas alguns corolários teológicos, como a contestação da Bíblia enquanto texto divinamente inspirado.
É óbvio que os cientistas são pessoas ideologicamente neutras e invariavelmente bem intencionadas. Apenas defendem – com unhas e microscópios – o direito de afirmar verdades provisórias, isto é, o sagrado direito de errar! E mais: errar sem ter de ouvir advertências e repreensões de qualquer tipo de autoridade. Trabalhar sob a vigilância de imperativos éticos faz o pesquisador sentir-se amarrado a uma camisa de força.
Exemplo disso é a continuada polêmica em torno da utilização de embriões humanos como matéria-prima para pesquisa. Embriões humanos que uma “especialista”, entrevistada pela Rádio CBN, definia como “apenas um montinho de células”…
A Igreja Católica é teimosa, arrogante, retrógrada – afirmam os novos alquimistas da genética -, inaceitável entrave ao progresso científico! Em sua obstinação (ou seria fidelidade?), a Igreja insiste em ver o embrião como pessoa humana e, por isso mesmo, proprietário de direitos humanos, vindo em primeiríssimo lugar o direito de… viver…
O cientista trabalha com hipóteses. Uma dessas hipóteses inclui a possibilidade de a Igreja estar errada. Ainda no terreno das suposições, o homem poderia ser “apenas” um animal como os outros. Sem alma. Sem destino eterno. Não teria razão o cristão, que vê o homem como filho de Deus por adoção ou, no mínimo, vocacionado a tal filiação.
O homem (e a mulher, claro!) seria apenas um bicho que raciocina. Ou um “tubo digestivo pensante”, segundo Sigmund Freud. Assim des-mitificado, despojado de auréolas espirituais, nada impediria que o homem fosse comprado e vendido, alugado e usado, cortado em fatias e leiloado para transplantes, sempre em benefício do mais rico e do mais forte.
Mas a Igreja tem alguma dificuldade em aprovar essa “antropologia pragmática”. É que os olhos da Igreja estão fixos em Belém de Judá. Ali, sobre a palha do Natal, o Filho de Deus – que acaba de mamar! – dorme sobre a manjedoura. A Divindade foi injetada nas artérias da Humanidade. Somos, agora, uma raça divinizada.
Depois que o Verbo assumiu a nossa natureza, nunca mais seremos carne de açougue, pois a argila iluminada irradia a luz solar que há de vencer as trevas para sempre…
Comentários
Sr Carlos,
imagino que o senhor não acredite que os espermatozóides masculinos sejam seres vivos, nem os óvulos femininos. Quando os dois se unem formam o embrião, que a partir do terceiro mês, quando começa a assumir a forma humana passa a chamar-se feto. Em que momento o senhor acredita que a alma esteja integrada ao corpo em formação, no momento em que o espermatozóide se une ao óvulo? O senhor acredita que o óvulo a partir de sua fecundação já possa ser chamado de um ser divino, dotado de alma?
Prezada Maria do Carmo,
acredito no ensinamento da Igreja Católica, ou seja, no exato momento da fecundação (união dos gametas humanos) o Criador infunde a alma no novo ser. Mas não é um ser “divino”, é um ser “humano”, criatura de Deus e vocacionado à filiação divina por adoção. Obrigado.