Que te proponhas a me perdoar
não faz a menor diferença.
Que me dirijas olhares
que jamais vi nos altares;
que sempre insinues
que sou de todos os vícios.
Por que seria eu a artífice
da angústia que em ti resiste?
Pouco me importa se surtas
e me vens aos gritos, insultos.
Se me interditas, me interrogas,
se me entorpeces com drogas.
Se os nomes mais feios me imputas –
piranha, vadia, puta –
quando vou à rua
vestindo a saia mais curta.
Não ligo para xingos, carrancas,
eu que nunca fui santa.
E quanto mais implorares, insistires,
mais vou delinquir.
Ainda se me acalantas,
mesmo até se me espancas.
Comentários
Parabens!!!
Gostei muito.
Puxa vida. Você à cada dia apresenta o novo e melhor. Parabéns Sebastião Verly
Eis o papel do poeta: obrigar-se a ver e desvelar pela palavra o lado oculto, a face obscura, a noite mais sombria. Eis um poeta em sua memorável batalha. Dá-lhe, angelus!