Pagar o preço

Publicado por Antonio Carlos Santini 16 de agosto de 2024
seca no nordeste

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Chegou a hora de pagar a conta? Parece que sim…

Desde a transição da Idade Média para o Renascimento, o intenso e crescente processo de exploração dos recursos ambientais revelou-se autêntico saque – sim, com duplo sentido: de sacar e de saquear! – que agora exige cobrança e ressarcimento. O chamado processo de colonização, com a correspondente transferência de riquezas naturais e humanas da África e das Américas para a Europa, exauriu ao extremo o sangue do planeta, as águas de suas fontes, a respiração de suas florestas. Ei-lo na UTI…

O pior é que tudo isso se realizava em nome do progresso da humanidade, do fortalecimento das nações, da grandeza do homem. Pois é este homem que deve, agora, pagar a conta do aquecimento global, das catástrofes naturais, do esgotamento dos mananciais e da incontrolável sangria das migrações forçadas.

Desde a Revolução Francesa, no apagar das luzes do Iluminismo setecentista, o movimento libertário questionou toda autoridade que não brotasse diretamente das opções populares, com o objetivo de desatar o homem de qualquer poder superior, fosse ele Deus, o rei ou o próprio pai. Robespierre, Marx e Freud dão-se as mãos…

Aqui e ali, entretanto, seja na União Soviética ou no Gabão, todos aqueles que subiram ao poder em nome do povo mostraram-se muito mais cruéis e desumanos que os execrados tiranos dos impérios imolados à deusa do caos. O Brasil de hoje, governado por dirigentes eleitos pelo povo, mostra-se incapaz de educar seus filhos para a paz, optando por transformar adolescentes em réus.

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O pior é que decisões desta natureza têm a intenção de permitir segurança social e garantir a ordem urbana. Pois é esta mesma cidade dos homens que deve pagar a conta das políticas que elegem a acumulação de bens e o desenvolvimento econômico acima dos valores humanos, da sustentabilidade da família, da cooperação entre as classes sociais.

Sem Deus a quem obedecer, sem pai a quem honrar, resta ao indivíduo o cenário da mais crua competição, quando o Outro se apresenta como mero competidor. Não estranha que os poderosos se corrompam pelo dinheiro, que os fracos se tornem agressivos, que a devolução de uma carteira com 100 dólares seja notícia de primeira página.

Chegou a hora de pagar a conta. E há muito que pagar. Ambição, gula, sede de poder, ânsia de acumular, delírio dos prazeres, escravidão do próximo, indiferença ao pobre, orgulho do saber, cinismo diante do mal, neutralidade diante do erro.
E ninguém está a salvo da cobrança…

Comentários
  • cecilia terra 3401 dias atrás

    Duro é pagar a conta com a liberdade,de quem nem conhece a vida do lado do bem.Só aprendeu e conheceu o que não foi feito para crianças conhecer.O lado negro da vida,a falta de carinho ,de amor de educação de informação,do direito de cuidar da natureza.abraço .cecilia.

  • Regina Ester 3402 dias atrás

    É a mais pura verdade!

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