Dom Geraldo Magela de Castro, arcebispo emérito de Montes Claros, aos 84 anos de idade, com mais de 60 dedicado ao ministério sacerdotal, chegou ao final de uma vida permeada de amor ao próximo, sobretudo respeito e solidariedade a seu clero e a seus fiéis. Dom Geraldo foi acometido por uma doença incomum, conhecida como ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) que o levou à entrega total nos braços do criador, falecendo em 14 de maio de 2015 em Montes Claros, sua terra natal.
Tenho comigo a grata lembrança deste bispo de coração grande, por um curto espaço de tempo de convivência, quando deixei minha primeira paróquia na cidade de Manga, Diocese de Januária, MG, e fui gentilmente acolhido em sua diocese, que logo me designou para atender na cidade de Coração de Jesus-MG, na paróquia de mesmo nome. Foi neste período que tive oportunidade de conhecer e conviver com o seu jeito simples de encarar a vida.
Nascido em Montes Claros em 24 de junho de 1930, dom Geraldo era norte-mineiro, filho da terra onde viveu toda a sua vida. Vocacionado à vida religiosa, ingressou no Seminário em 1942, aos 11 anos, em Pirapora do Bom Jesus, São Paulo, onde permaneceu até o ano de 1947. No início do ano seguinte ingressou no Noviciado da Ordem Premonstratense para estudar filosofia e teologia. Em dezembro de 1953 foi ordenado sacerdote, pertencente àquela ordem religiosa. Após longos anos de trabalho pastoral em 1982 foi sagrado bispo coadjutor de Montes Claros, em sucessão a Dom José Trindade.
Assumiu a diocese como bispo titular em 1988. Em 29 de junho de 2001 foi nomeado pelo papa João Paulo II como primeiro Arcebispo Metropolitano da Província Eclesiástica de Montes Claros. Viveu maravilhosamente mais de 60 anos no exercício do ministério da igreja, pautando toda a sua vida sacerdotal e episcopal na ternura e na simplicidade de um ser que escolheu por vocação colocar a sua vida a serviço da evangelização, através de uma pastoral encarnada na realidade de seu povo e na construção do reino de Deus.
Impressiona-me bastante, além do seu zelo pastoral, a simplicidade e o amor aos mais pobres da sociedade, o apoio e o respeito que tinha para com os padres do seu clero, que encontravam no seu bispo o carinho e a amizade de um pai e o verdadeiro amor de um pastor, que sabia acolher e amar os que Deus colocou em seu caminho, motivando a vivência da fraternidade presbiteral.
Uma das grandes virtudes de um bispo é estar próximo de cada um dos seus padres, a exemplo de Jesus Cristo, lhes oferecendo o apoio nos momentos felizes de vivencia do seu ministério, mas também compadecendo, compreendendo os designíos de cada ser, mesmo nas mais cruéis crises que por ventura a vida lhes tenha predestinado, carreando-lhes luz em seu dia a dia. Neste sentido, o acolhimento e a bondade faziam deste bispo simples um ser capaz de compreender as dificuldades e os desafios vividos no dia a dia do ministério sacerdotal.
Os seus diocesanos encontravam naquele homem, o cuidado de um verdadeiro guia, sempre atento para que nenhuma ovelha se afastasse do rebanho, mostrando caminhos novos para enfrentar com firmeza os desafios da fé dos tempos modernos, de constantes mudanças. Em seus últimos anos escolheu a pequena comunidade de Terra Branca, no Vale do Jequitinhonha para se dedicar a seu serviço de evangelizador. Assim viveu este homem simples de Deus!
Que Dom Geraldo encontre junto ao Deus da vida e da infinita bondade, no reino definitivo, a reconhecimento eterno por todo bem que proporcionou em sua trajetória de vida! Fica registrado na história de Montes Claros e na memória de sua gente o exemplo de trabalho e comprometimento com a evangelização, honestidade e fidelidade a sua vocação. Que as sementes por ele lançadas à terra prossigam frutificando para a glória de Deus e o bem da Igreja.
Comentários
Parabéns pelas belas palavras padre João Delço.
Tive a alegria de conviver com D Geraldo em Itacambira, onde nos hospedávamos na mesma pousada. Tive a oportunidade de conhecer sua simplicidade. Fiquei também encantado com o povoado de Terra Branca, distrito de Bocaiúva, à beira do Jequitinhonha que ele escolheu como morada depois de sua aposentadoria.
Um abraço.
Prezado Milton!
Muito obrigado pelo espaço para rabiscar essas palavras que nascem de nosso coração e sentimento de gratidão! Realmente Dom Geraldo merece toda nossa homenagem pelo grande serviço prestado à Igreja em Montes Claros.
Abraços amigo