Eis que veio a noite
e nenhum abrigo o esperava.
Sob a copa de uma árvore arriou a mochila,
recostou-se, dormiu
e sonhou um país distante
onde todos se alimentavam;
onde muitas crianças
não precisavam morrer para serem felizes.
Lá, ao andar pelas ruas,
não o olhavam com receios as pessoas;
havia a mulher amiga de seu desejo
e de sua ternura de homem simples.
Quando raiou a manhã seguiu caminho
deixando atrás o cadáver de seu sonho.
Comentários
O poeta não se abstém, aponta a ferida e sutura com as palavras, lenta e inexoravelmente. A chaga se mantém, metástase. Sonhar convém?