Love is in the air

Publicado por Sebastião Verly 10 de abril de 2015

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Anteontem, quando fui procurar um livro pelas livrarias da Savassi, observei que aquela região anda muito calma e quase vazia.

Entrei numa loja, onde três moças, uma de braços cruzados e duas assentadas no sofá para clientes, levantaram-se sorridentes pensando tratar-se de escasso cliente. Não o era. Eu queria apenas uma informação. Que decepção.

Do passeio ou calçada, do outro lado da rua, uma funcionária do Restaurante Rococó acenava para dentro de uma loja próxima com uma nota de 100,00 pedindo para trocar. Eu a surpreendi com o dedo em suas costas e falando alto “é um assalto!” e ela nem se assustou.

Entrei sozinho na Companhia do Livro e a vendedora me disse que não mais se interessam pelo cliente de porta de loja já que vendem muito mais livro através da Estante Virtual. Nem encomenda aceitam mais. Continuou empacotando os livros enquanto falava comigo.

A Sapataria onde comprava sandálias fechou as portas. A sapataria Elmo, que já foi de classe média, com bancas e bancas de calçados populares dá inveja à qualquer loja da Rua dos Caetés, centro de comércio popular há mais de meio século.

O lugar virou mesmo uma pasmaceira.

Mas, o assunto que me traz ao teclado do computador, que dá título a esta crônica, é o amor. Amor num sentido também popular.

Tema polêmico, a homoafetividade está em dia.

Há que se ter muito cuidado, para não passar por simpatizante ou por homofóbico.

Nos quatro cantos da praça há áreas livres com bancos para as pessoas descansarem ou para curtir aquela região.

Eu continuava minha observação quando vi, assentados em um dos bancos, o único ocupado, dois gays, ambos de, no máximo, 21 anos, um acariciando o rosto do outro com toda ternura.

Andei mais um pouco e cheguei à área de assentos em bancos, na diagonal oposta, e um casal de moças, belíssimas meninas, acariciando o rostinho mimoso da outra, como se fosse um espelho do casal de gays do outro lado da praça.

Eu segui caminhando e pensando que, há alguns anos, se tais cenas acontecessem na rua era “um deus nos acuda” com possibilidades, que eu já testemunhei, de chamar a polícia por falta de decoro em ambientes públicos.

A expressão máxima foi há três décadas, quando foi lançado em BH o Manual do Machão, atacando fortemente a homoafetividade masculina e o nascente bloco carnavalesco Banda Mole aproveitou o mote, satirizando a publicação.

Bons tempos… os atuais. O mineiro começa a abrir a mente.

Comentários
  • verly 3494 dias atrás

    Muito obrigado pela publicação. Gostei muito

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